Folha de S. Paulo


Mulher de 67 anos morre baleada com dois tiros na Maré

Uma mulher de 67 anos morreu após ser atingida por dois tiros, na noite de segunda-feira (14), no conjunto de favelas da Maré, na zona norte do Rio, ocupado há duas semanas pela Força de Pacificação –formada por militares do Exército, Marinha e Polícia Militar. Terezinha Justina da Silva chegou a ser socorrida no hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Até o fim da tarde desta terça (15) não havia informações de onde partiram os disparos que atingiram Terezinha, mas o Exército informou à Folha que por volta das 22h de segunda uma equipe da Polícia Militar da Força de Pacificação foi atacada a tiros de fuzil por criminosos na rua C4, na favela Vila dos Pinheiros, próximo à divisa da comunidade Vila do João, na Maré.

"As informações que temos é que a patrulha da PM se evadiu do local e não revidou ao ataque. Mesmo assim, vamos apurar o que aconteceu", afirmou o porta-voz do Exército, major Alberto Horita.

A reportagem entrou em contato com a PM, mas a corporação disse que apenas a Força de Pacificação falaria sobre o caso. O crime ainda está sendo investigado pela Divisão de Homicídios do Rio.

Segundo policiais civis, os criminosos teriam efetuado disparos quando avistaram uma equipe da PM próxima a uma boca de fumo na favela. A polícia não informou, no entanto, se as armas dos PMs já tinham sido recolhidas para a realização de exame de balística.

Terezinha Silva chegou por volta das 22h10 de ontem no Hospital Federal de Bonsucesso, inconsciente e em estado grave. Ela foi socorrida, entubada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu 40 minutos depois, segundo médicos da instituição.

Ainda de acordo com o hospital, a moradora foi atingida por um tiro na barriga e outro no peito. Moradores ouvidos pelo jornal disseram que Terezinha Silva voltava da farmácia quando foi atingida. Eles afirmaram que escutaram os tiros, mas não sabem de onde partiram os disparos.

SEGUNDO CASO

Esta é a segunda morte registrada no complexo da Maré desde a ocupação do conjunto de favelas pelas Forças de Pacificação do Exército. No sábado (12), Jefferson Rodrigues da Silva, 18, foi baleado por um fuzileiro.

Na versão do Exército, os militares identificaram dois suspeitos em uma das ruas da Vila dos Pinheiros, que, na sequência, atiraram na direção da tropa. Os fuzileiros reagiram e o rapaz foi baleado.

Moradores ouvidos pela Folha, no entanto, disseram que Jefferson Silva não tinha ligação com o tráfico e trabalhava em um lava-jato da região.

De acordo com o Exército, desde o início da ocupação aconteceram cerca de 20 ataques contra militares, o que equivale a dois por dia. Nesse período foram efetuados disparos com arma de fogo e outros objetos, como pedras, foram arremessados contra membros da força.


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