Folha de S. Paulo


PM quer usar aposentados para reforçar efetivo em SP

A Polícia Militar de São Paulo apresentou nesta semana um plano ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) que prevê a reutilização de policiais aposentados para ajudar a aumentar seu efetivo nas ruas.

A medida faz parte de um pacote apresentado pelo comandante da PM, Benedito Roberto Meira, que solicita também a possibilidade de comprar mais de um mês da licença-prêmio de policiais militares e a redução do tempo de formação de oficiais.

O plano é entregue após a elevação do número de roubos no Estado por nove meses seguidos e em meio a questionamentos sobre a redução do efetivo nas ruas.

Sobre os aposentados, a proposta é reintegrar 7.600 deles em todo o Estado e pagar um salário adicional. Os valores não foram definidos.

A Polícia Militar tem hoje mais de 80 mil homens.

Esses policiais reconvocados seriam utilizados exclusivamente em funções administrativas, "liberando quem está hoje na administração para o policiamento", disse o comandante da corporação.

Atualmente, a PM admite ter 9.444 homens no serviço administrativo. O número, porém, pode ser muito maior.

Conforme a Folha revelou anteontem, a corporação reclassificou em 2013 mais de 14 mil homens de funções administrativas para operacionais.

Policiais como do departamento pessoal, mecânicos e guarda de quartel passaram a ser considerados como homens de rua, embora permaneçam a maior parte do tempo dentro do batalhão.

As propostas foram entregues ao secretário da Segurança, Fernando Grella, que deve encaminhá-las ao Palácio dos Bandeirantes.

Outra mudança pretendida pelo comandante é aumentar a possibilidade de compra de licença-prêmio.

Hoje, cada policial pode vender só um dos três meses de afastamento remunerado que ele tem direito a cada cinco anos de trabalho (dois meses ele precisa necessariamente se afastar das funções).

"Se eu puder comprar esses outros dois meses, vou ter 2.000 PMs a mais nas ruas por mês", afirmou Meira.

Ainda faz parte das propostas uma redução no tempo de formação dos oficiais, de três para dois anos de curso.

Essa redução é possível, na visão da PM, se passar a ser exigido diploma em direito para o ingresso no curso.

Para o especialista em segurança Renato Sérgio de Lima, as mediadas podem reabrir a discussão sobre a carreira da polícia. "Os policias se aposentam muito cedo. Muito se afastam aos 50 anos, no auge da carreira."


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