Folha de S. Paulo


Em prova, professor faz provocação e chama Valesca Popozuda de 'grande pensadora'

Um professor de filosofia em Brasília causou polêmica em redes sociais após chamar em uma prova a funkeira Valesca Popozuda de "grande pensadora contemporânea".

Antônio Kubitschek, que aplicou a prova na turma do terceiro ano do Centro de Ensino Médio 3 de Taguatinga, disse que a ideia era provocar a imprensa e levantar o debate sobre o preconceito contra a mulher.

"Essa polêmica apareceu por preconceito com a Valesca por ser mulher e ser funkeira. Colocaram ela como alguém que não pode pensar. Minha proposta era levantar uma polêmica. Se eu tivesse colocado alguém da MPB, não levantaria a questão. Se eu tivesse colocado o MC Catra, levantaria um pequeno debate. Mas a Valesca levantou uma polêmica até mais do que eu desejava", disse à Folha.

Ele conta que a ideia partiu após discutir com os alunos o papel da imprensa. A provocação veio depois de o colégio chamar jornalistas para cobrir a exposição de fotografias dos alunos, mas ninguém apareceu. "Discutimos na disciplina os valores da sociedade e o papel da imprensa na construção desses pontos. Se tem um ponto positivo, a imprensa não vê. Se for negativo, vê. Decidi testar isso", afirmou.

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Prova aplicada em escola municipal classifica cantora de funk como
Prova aplicada em escola municipal classifica cantora de funk como "grande pensadora"

Para Antonio Kubitschek, Valesca Popuzuda pode ser considerada uma grande pensadora contemporânea. "De acordo com os filósofos contemporâneos franceses, todo aquele que consegue construir conceitos é um filósofo, é um pensador. Se a Valesca constrói conceitos com a sua música, não tem porque ela não ser uma pensadora", disse.

Na prova, os alunos deveriam completar a questão: "segundo a grande pensadora contemporânea Waleska [sic] Popozuda, se bater de frente...". A resposta correta era a letra A: "é só tiro, porrada e bomba".

Em texto publicado nas redes sociais, a cantora classificou a polêmica de "bobagem". Valesca repetiu a ideia do professor sobre a polêmica do funk: "Talvez se ele tivesse colocado um trecho de qualquer música de MPB ou até mesmo de qualquer outro gênero musical que não fosse o funk, talvez não tivesse gerado tal problema", disse.


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