Folha de S. Paulo


Juiz arquiva processo contra policiais por morte de traficante no Rio

O juiz Alexandre Abrahão, do Tribunal de Justiça do Rio, arquivou o processo que apurava a ação policial que resultou na morte do traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, em 11 de maio de 2012. O juiz atendeu solicitação feita pela promotora Valéria Videira, que viu a ação dos policiais civis como "legítima defesa".

As imagens foram reveladas no ano passado pela TV Globo. Em seu despacho, Alexandre Abrahão relatou que houve uma "caça às bruxas" contra os policiais.

"Toda essa 'caça às bruxas' promovida contra os policiais foi deflagrada porque chegaram à mídia as filmagens de mais uma operação policial. Sem alternativas, os órgãos de inteligência, já mapeando as ações criminosas de "Matemático" e sua quadrilha durante meses, viram na equipe do Saer (Serviço Aeropolicial) a única alternativa para fazer cessar aquela onda de violência. Esses homens foram lá e fizeram o que tinham e podiam fazer e agora, nós, do conforto dos nossos gabinetes e lares promovemos a pior das soluções, palpitar e criticar daqui é fácil, aconchegante, admite correções, dias de meditação".

Nas imagens divulgadas, o veículo onde estava Matemático percorre várias ruas do bairro de Senador Camará, na zona oeste do Rio. Os policiais são flagrados atirando com fuzis. Os disparos passam próximos a casas e prédios da região. Os gritos "pega, pega" acontecem diversas vezes no vídeo.

"A iminência dos disparos já é mais do que suficiente para dar partida à ação neutralizadora da policia, pois não é razoável se imaginar alguém primeiro ser alvejado por tiros de fuzil para só então reagir", escreveu o magistrado.

Abrahão concluiu a sentença afirmando que os criminosos "escolheram seus destinos": "No caso de "Matemático", sua arrogância lhe impôs o preço por enfrentar uma equipe policial bem preparada, estruturada e capaz de dar resposta na medida devida! Fica a lição! Estado não se desafia; se respeita!".


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