Folha de S. Paulo


Atrás de recompensa, moradores buscam avião desaparecido no PA

Familiares dos ocupantes de um bimotor que desapareceu há oito dias no Pará se uniram a empresários de Jacareacanga, no sudoeste do Estado, para oferecer dinheiro a quem localizar o avião ou seus destroços. O anúncio da recompensa de R$ 19 mil, no domingo, provocou uma caçada na região de floresta amazônica próxima a Jacareacanga.

No dia 18, uma das passageiras enviou mensagens de socorro pelo celular para o tio em pleno voo: "Tio to em temporal e um motor parou. Avisa a mãe que a amo", escreveu a técnica de enfermagem Rayline Campos. "O avião vai cair. Reza por nós", completou. Desde então, não se tem mais notícia do avião nem de seus ocupantes.

Segundo o coordenador da Defesa Civil da cidade, José da Silva Cavalcanti, "mais de cem pessoas estão na mata todos os dias".

"Nós estamos fazendo isso para incentivar aqueles que não foram ainda para a mata e agradecer aos que já estão empenhados. Muita gente largou a família e o trabalho para encontrar o avião", afirmou Jéssica Feltrin, filha do piloto.

Moradores, garimpeiros e índios da etnia Mundurucu se juntaram às equipes da FAB (Força Aérea Brasileira) e do Grupamento Aéreo do Estado na operação que está concentrada em um raio de 40 km do perímetro urbano de Jacareacanga, onde acredita-se que o avião tenha sumido.

O bimotor decolou no dia 18 de Itaituba, às 11h42, rumo a Jacareacanga. O tempo estimado de voo entre as duas cidades paraenses não passa de duas horas. Estavam a bordo o piloto Luiz Feltrin, as técnicas de enfermagem Rayline Campos, Lucineia Aguiar e Raimunda Costa e um homem identificado como Ary Lima.

As técnicas de enfermagem integram uma equipe da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), do Ministério da Saúde, e prestariam atendimento em uma aldeia indígena de Jacareacanga.

ANOS NA MATA

Uma aeronave da FAB especializada na prospecção de destroços localizou anteontem (24) estruturas metálicas em uma região de mata fechada apontada por um garimpeiro como o local onde o bimotor teria sido visto em baixa altitude.

Os destroços, no entanto, pertenciam a um monomotor que caiu em 1988, segundo o Grupamento Aéreo do Estado.

Na época, segundo o diretor do Grupamento, Josilei Gonçalves, o piloto –único ocupante da aeronave– sobreviveu à queda. "Os destroços desse acidente aéreo ficaram desaparecidos durante todos esses anos", afirmou Gonçalves.

Em comunicado, a FAB informou que as buscas à aeronave estão prejudicadas devido às condições do tempo e da cobertura de floresta na região.


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