O texto final do Plano Diretor, que será apresentado hoje à Câmara Municipal, prevê liberar espigões nos miolos dos bairros já verticalizados de São Paulo.
A ideia inicial da prefeitura era limitar a, no máximo, oito andares a altura dos prédios nessas áreas da cidade, conforme a Folha antecipou no último dia 10. Os edifícios maiores do que isso estão liberados nos corredores com infraestrutura de transporte.
O recuo ocorreu cinco dias após a confirmação da medida em apresentação do plano -conjunto de diretrizes para o crescimento da cidade nos próximos anos- ao Conselho da Cidade, na semana.
Segundo o relator do plano, vereador Nabil Bonduki (PT), a diretriz continua a mesma -prédios mais baixos no meio dos bairros-, porém, construções mais altas em áreas já verticalizadas deverão ser analisadas caso a caso.
A definição de quais regiões poderão receber edifícios altos só ocorrerá na lei de zoneamento, que será discutida após a votação do plano.
"Numa região em que 80% da quadra já está verticalizada, não tem sentido fazer uma restrição de gabarito [altura] para dois ou três lotes que sobraram. Mas está mantido o princípio de que lugares horizontais devem ser mantidos horizontais", disse Nabil.
Em entrevista à Folha ontem, o presidente do Secovi (Sindicato da Habitação), Claudio Bernardes, disse ser a favor do conceito urbanístico que prevê altura menor.
"Mas não dá para se colocar uma regra rasa em que, fora dos eixos, em todo lugar tem esse gabarito. Até porque há uma série de quadras em que 80% dela tem edifícios de 15, 16 andares. Não tem sentido fazer um menor".
O texto também prevê reservar mais áreas para a população de baixa renda.
Em regiões de interesse social, como vazios urbanos ou cortiços, 60% das habitações serão para pessoas com renda de até 3 salários mínimos; 20% para até 6 salários e 20% para as demais construções.
O percentual é maior do que o pleiteado pelos movimentos de moradia, que pedem 50%.