Folha de S. Paulo


Reunião define hoje envio de tropas federais ao Rio

Os governos federal e do Rio reúnem-se, na manhã de hoje, para definir os papéis do Exército e da Força Nacional nas ações integradas contra o crime na cidade. O tempo de ocupação e o formato das ações das tropas federais serão discutidos.

O governador Sérgio Cabral (PMDB) e sua cúpula da segurança vão mostrar ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) que consideram fundamental o uso das tropas na ocupação do complexo da Maré, um dos maiores do Rio, na zona norte.

A região de 16 favelas é considerada estratégica. Ali passam as três principais vias de acesso ao centro do Rio para quem vem da via Dutra, do aeroporto internacional e da Barra da Tijuca (zona oeste).

Investigações mostram que duas comunidades da Maré, Parque União e Nova Holanda, têm sido ponto de reuniões semanais de traficantes do Comando Vermelho e do PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo.

Desde sexta, o Bope (Batalhão de Operações Especiais) patrulha essas comunidades.

O governo do Rio estuda ocupar todo o complexo da Maré imediatamente, antecipando uma ação que ocorreria às vésperas da Copa.
A discussão é como o Exército participaria da ação. No Comando Militar do Leste é consenso que não há tropas no Rio para agir agora, só a Brigada Paraquedista, com 400 homens já de prontidão.

A alternativa que será apresentada ao governador é o envio de militares dos batalhões de Dourados (MS) e Santa Maria (RS) -300 homens de cada um- por não estarem envolvidos na segurança do Mundial. A eles se juntariam equipes da Força Nacional.

OCUPAÇÃO CONTÍNUA

Ontem, policiais do Destacamento de Cães apreenderam drogas no Parque União.

Enquanto os policiais percorriam as vielas das comunidades da Maré, o Comando Militar do Leste traçava cenários, para a reunião de hoje, da utilização de soldados no patrulhamento de favelas.

O número de militares e o período de ocupação dependerá da proposta a ser apresentada pelo governo Cabral.

Após ataques às UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) na última quinta, a secretaria de Segurança ordenou a ocupação de favelas dominadas pelo Comando Vermelho por tempo indeterminado.

Se decidir utilizar os militares só nas comunidades dominadas pelo Comando Vermelho na Maré –Nova Holanda e Parque União–, membros de outras facções das 14 demais favelas estariam livres para atuar antes da Copa; 12 delas são dominadas pela facção Terceiro Comando e outras duas, por milícias.

Porém, se o governo decidir ocupar as 16 favelas do complexo, pode assistir a ações de criminosos em fuga para outros bairros dominados pelo Terceiro Comando.

Neste xadrez da segurança estão favelas em Bangu (zona oeste), próximas às áreas olímpicas de Deodoro; e na Ilha do Governador, onde está o aeroporto internacional.


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