Folha de S. Paulo


Preso pela morte de cinegrafista diz que recebeu oferta para ir a protesto

Em depoimento prestado de madrugada no complexo penitenciário de Bangu, para onde foi levado na quarta-feira, o manifestante Caio Silva de Souza, 22, afirmou ter recebido oferta de dinheiro para atuar em protestos.

Souza e outro manifestante, Fabio Raposo, 22, estão presos sob acusação de ter deflagrado o rojão que atingiu e matou o cinegrafista Santiago Andrade, 49.

No depoimento, Souza disse, no entanto, não saber detalhes sobre a fonte de pagamento, nem deixou claro se chegou a aceitar o dinheiro.

No termo, o jovem faz referência a "pessoas" que oferecem apoio financeiro para pagar passagem, lanches e quentinhas para quem voltasse nas passeatas seguintes. Ele disse acreditar que "os partidos que levam bandeiras é que são os mesmos que pagam os manifestantes".

Daniel Marenco/Folhapress
Caio da Silva Souza admitiu ter acendido o artefato que matou o cinegrafista da Band durante protesto
Caio Silva de Souza (centro) afirmou ter recebido oferta para participar de protestos

Souza citou o PSOL, PSTU e a FIP (Frente Independente Popular) como as siglas presentes nas passeatas. Os partidos negaram financiar qualquer ato violento.

O rapaz diz ainda que pessoas distribuem pedras e apetrechos aos participantes.

O depoimento ocorreu sem a presença de seu advogado, Jonas Tadeu Nunes. A polícia afirma que não conseguiu localizá-lo a tempo.

Nunes disse que abandonará o caso se o depoimento prestado sem sua presença for anexado ao inquérito.

Souza apontou Raposo como o responsável por acender o rojão que matou Andrade. Contou que o tatuador lhe entregou o rojão dizendo: "Acende aí, acende aí". "Mas quem acendeu foi o Fábio enquanto o declarante [Souza] segurava o artefato, que depois colocou no chão já aceso", diz o termo, divulgado pelo jornal "Extra".

Souza disse que deixou o artefato na direção dos PMs e não tinha a intenção de acertar o cinegrafista.

"Não sei quem acendeu, só sei que os dois confirmaram que participaram da ação", afirmou o delegado do caso, Maurício Almeida.


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