Folha de S. Paulo


Polícia Militar vai usar 'tropa do braço' em protestos em SP

A Polícia Militar de São Paulo vem treinando há três meses um grupo de 80 a 100 homens que vai atuar em protestos sem armas de fogo.

Segundo a corporação, o grupo vai "retirar" das manifestações pessoas que demonstrarem intenção de praticar atos de vandalismo.

Os suspeitos serão identificados no decorrer das manifestações com a ajuda de agentes infiltrados, que deverão acionar os policiais da "tropa do braço" antes de começar o quebra-quebra.

Se as pessoas abordadas tiverem estilingues, coquetéis molotov ou objetos usados para depredação, deverão ser levadas ao distrito policial.

O grupo especial da PM usará apenas algemas e tonfa, espécie de cassetete com cabo lateral que facilita seu uso em posição de defesa.

Inspirada na experiência da França, que enfrentou uma série de protestos violentos na periferia de Paris em 2005, a ideia da "tropa do braço" é "ter risco zero de emprego de arma de fogo", revelou à Folha o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira.

Os PMs escolhidos para integrar o grupo são os considerados mais fortes e com domínio de alguma arte marcial, explicou Meira.

"Vamos colocar policiais militares com essa finalidade: identificar e retirar [da multidão] essas pessoas", afirmou o coronel.

"Todo mundo fala que a polícia ora excede, ora omite. Esse ponto é o mais importante: em que hora eu devo atuar e de que forma que eu devo atuar", disse o coronel.

Os treinamentos do grupo começaram logo depois que o coronel Reynaldo Simões Rossi foi agredido por um grupo de manifestantes, em outubro do ano passado.

A arma dele foi levada no momento da agressão.

Segundo Meira, essa é mais uma razão para que policiais que tenham contato físico direto com os manifestantes não carreguem armas.

Os policiais da "tropa do braço" estão sendo treinados no Comando de Policiamento de Área Metropolitano 1, responsável pela região central de São Paulo.

Nos últimos meses, segundo o coronel Meira, vários homens foram transferidos de outros comandos de área para a região central da cidade para atuar em manifestações.

Segundo Meira, novas medidas para a manutenção da ordem precisaram ser criadas depois que os protestos de rua ganharam novos formatos que a polícia não pôde prever -como a ausência de líderes e de trajetos combinados anteriormente.


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