Folha de S. Paulo


Gilberto Amaro do Nascimento (1936-2014) - Giba Giba difundiu os sons do tambor sopapo

Para muitos, o nome Giba Giba era sinônimo de tambor sopapo, típico instrumento afro-gaúcho, inventado pelos escravos que viviam na região de Pelotas no século 19.

E foi nessa cidade que Gilberto Amaro do Nascimento descobriu seu dom para a música, influenciado pelos blocos que tomavam as ruas durante o Carnaval e pelos instrumentistas que frequentavam a casa de seus pais.

Quando tinha 12 anos, ouviu de um babalorixá que se tornaria um grande tocador de sopapo —e assim foi.

Tinha diferentes técnicas para tirar sons do instrumento. Estava sempre cantarolando e compondo músicas, gravadas por cantores como Kleiton e Kledir e Vitor Ramil.

Introduziu o sopapo na bateria da Praiana, primeira escola de samba de Porto Alegre e que ele ajudou a fundar, conferindo uma sonoridade diferente da do samba carioca.

Ativista da cultura negra, criou festivais e projetos culturais, compôs trilhas de filmes e atuou como conselheiro de cultura do Estado. Seu trabalho foi reconhecido com diversos prêmios e honrarias.

Preparava-se para uma turnê em comemoração dos seus 50 anos de carreira, que também contaria com o lançamento de um CD de sambas.

Neste semestre, a TV Brasil deve exibir um documentário sobre Giba Giba, que integra uma série sobre as raízes da música brasileira.

Adorava contar histórias da infância e ficar com os filhos, seu passatempo preferido.

Morreu no dia 3, aos 77, de complicações após uma cirurgia para retirada de um tumor. Deixa cinco filhos —dois deles são músicos—, três netos e a menos 30 letras inéditas.

coluna.obituario@uol.com.br


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