Folha de S. Paulo


Emilio Luis Martins (1932-2014) - Vivia o balé até dentro de casa

Na casa de Emilio Martins, o assunto mais comentado era sempre o balé. Ele e a mulher, Marilda, foram bailarinos do Theatro Municipal do Rio. E a única filha, Rita, seguiu os passos dos pais.

Emilio foi o primeiro homem a obter o diploma da escola de dança do teatro carioca. Tirou ainda a melhor nota daquela turma de 1956.

Em Londres, especializou-se em coreologia, estudo dos movimentos, dos dançarinos, do som e do espaço. Era o único brasileiro credenciado para remontar alguns balés do repertório clássico.

Por mais de meio século, dedicou-se aos espetáculos, paixão que começou no colégio, após assistir a uma peça.

"Ele não tinha um hobby. Tudo era balé, balé, balé e balé", conta Marilda, que, como a filha, foi aluna de Emílio no Theatro Municipal, onde ocupou os cargos de professor e ensaiador. Também integrou, por três décadas, o corpo de baile do local.

Foi ainda coordenador de dança da Funarte (Fundação Nacional de Artes, ligada ao Ministério da Cultura), entre os anos 1999 e 2001.

Como bailarino e coreólogo, Emilio viajou o mundo. Teve passagens por importantes companhias de Portugal, França, Itália, Chile, Argentina, Nova Zelândia e Rússia —no famoso balé Bolshoi.

Fazia questão de levar suas duas bailarinas, Marilda e Rita, as estreias de todos os espetáculos dos quais participava, em qualquer país.

Era rígido com seus alunos, mas também muito educado em suas cobranças.

Há cinco anos, foi diagnosticado com alzheimer. Morreu na quinta (30), aos 81.

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