Folha de S. Paulo


Após aumento da violência, manifestantes fazem ato pela paz no DF

Vestindo roupas brancas e carregando balões, manifestantes fizeram neste sábado (1) um ato pela paz em Águas Claras, cidade satélite de Brasília.

O grupo, estimado em 500 pessoas pela Polícia Militar, reuniu-se numa estação de metrô e seguiu em caminhada até a casa de um jovem assassinado na última quarta-feira (29) após um assalto. Depois, foi até a residência oficial do governador, Agnelo Queiroz (PT).

Cerca de 30 policiais militares acompanharam a movimentação do grupo.

Em meio a gritos de "amanhã vai ser maior", remetendo às manifestações de rua do ano passado, os manifestantes pediram o fim da "operação tartaruga", que tem feito a PM reduzir o número de atendimento das ocorrências como forma de reivindicação por melhores condições de trabalho.

Em janeiro foram registrados 68 assassinatos, aumento de 38% sobre o mesmo período do ano passado. E os casos de violência, tradicionalmente concentrados nas cidades-satélites mais carentes, se multiplicam até nas áreas mais nobres de Brasília.

Além do fim da "operação tartaruga", manifestantes pediram a reforma do código penal. "Não dá mais para bandido continuar solto", diz Kelly Kareline, representante do movimento "Luta pela Paz", que convocou o ato pelo Facebook. O grupo estimou em 3 mil pessoas o número de participantes do ato.

POLÍCIA MILITAR

Ontem, o vice-presidente da Associação de Praças e Bombeiros Militares do DF, sargento Manoel Sansão, afirmou que os policiais que aderiram ao movimento irão radicalizá-lo nos próximos dias.

A afirmação foi feita após o anúncio do governo do Distrito Federal de que não irá negociar reajustes salariais diretamente com lideranças da chamada "operação tartaruga". Segundo Sansão, os agentes farão paralisações surpresas em dias alternados e por tempo indeterminado.

"A insatisfação é geral. Vai dos oficiais aos praças. O culpado do aumento da criminalidade é o governador, que deixou de cumprir as promessas de campanha. Não é justo que a PM tenha o pior salário da área de segurança no DF", reclamou.

A categoria cobra reajuste de 66,8%, reestruturação de carreira e reposição de perdas. Os PMs do DF recebem o segundo maior salário para a categoria no país, atrás apenas do Paraná.

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, enquanto no Rio Grande do Sul o salário bruto de um soldado é de R$ 1.375,71, no Distrito Federal o valor chega a R$ 4.122,05, uma diferença de 200%. No Paraná, o salário é de R$ 4.838,98.


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