Folha de S. Paulo


Janeiro deve ser o mês mais quente da história de São Paulo

Faltando apenas dois dia para acabar, este mês deve se confirmar como o mais quente que se tem registro na cidade de São Paulo. A Folha fez o levantamento a partir de dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que mede a temperatura desde 1943.

A média das temperaturas máximas deste ano, aferidas até esta quarta-feira, era de 31,7°C. O valor se aproxima do atual recorde para um mês, que é de 31,8°C, em fevereiro de 1984.

A previsão para amanhã (30) e de sexta-feira (31) é de aumento das temperaturas. Com isso, a média deste janeiro deve aumentar ainda mais, e confirmar o que muito paulistano já suspeita: nunca houve registro de um mês tão quente por aqui.

Os dias têm estado, em média, 3,5°C mais quentes do que o esperado. No dia 3, a temperatura chegou a 35,4°C, quase 8°C a mais do que a média prevista para o mês.

Ainda que a temperatura desabe inesperadamente entre amanhã e sexta, este já é o janeiro mais quente de todos. Só se a máxima não passar de 20º, para perder este posto.

Dos 29 primeiros dias do ano, 24 tiveram temperaturas superiores a 30°C.

Segundo o Inmet, o calor do início do ano permaneceu, pois uma zona de alta pressão sobre o oceano Atlântico se expandiu por São Paulo, impedindo massas de ar que trariam chuvas da Amazônia e da região Sul do país.

De acordo com o professor do departamento de ciências atmosféricas da USP, Ricardo de Camargo, a ausência de chuvas pode estar ligada a uma perturbação atmosférica num contexto global.

"É um fenômeno anômalo de escala global, o mesmo que causou o frio extremo no leste dos EUA", explica.

Segundo o professor, os efeitos do calor costumam ser ainda maiores do que os índices dos termômetros.

"O efeito da temperatura sobre o asfalto, o concreto e telhados das casas aumenta ainda mais o desconforto."

Para conter os efeitos do calor, especialistas recomendam a ingestão de líquidos, o uso de roupas de algodão puro e o desligamento de eletrônicos dentro de casa.

Na última terça, Folha mostrou que as altas temperaturas têm influenciado também o consumo de energia.

O atual recorde nacional de demanda energética ocorreu na quinta-feira passada, às 15h24. Tradicionalmente, o pico de consumo se dá durante o começo da noite.

Segundo especialistas, o uso de ar-condicionado, ventiladores e chuveiros elétricos é o responsável.


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