Folha de S. Paulo


Denarc diz que ação na cracolândia foi comum e não precisava ser informada

A delegada Elaine Biasoli, diretora do Denarc (departamento de narcóticos), afirmou em entrevista coletiva que a atuação da Polícia Civil na tarde desta quinta-feira na cracolândia foi uma ação comum para prisão de traficantes. Por isso, segundo ela, não havia necessidade de informar a Prefeitura de São Paulo ou a Polícia Militar.

Elaine negou que os policiais tenham feitos disparos de bala de borracha. Afirmou que apenas bombas de efeito moral foram usadas.

De acordo com a delegada, a ação inicial contou com policiais à paisana em três veículos que, ao chegarem, foram cercados por usuários de drogas. Ela disse que um dos policiais foi agredido e os carros, depredados.

Após pedido dos policiais por reforço, o Denarc enviou mais equipes -de 8 a 10 veículos; ela não soube precisar quantos policiais- para continuar com a operação de prisão de traficantes. Conforme Elaine, elas foram também cercadas por viciados e, por isso, revidaram com bombas de efeito moral.

A chefe do Denarc afirmou que cerca de 30 pessoas foram detidas para averiguação, entre elas 4 traficantes. Também foram apreendidas drogas e facas, afirmou ela.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que a ação foi legítima. "Houve resistência, três policiais foram feridos e três viaturas danificadas. Os policiais buscaram reforço e realizaram quatro flagrantes por tráfico de drogas. O Denarc não possui e não usou bala de borracha na ação", afirmou.

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HADDAD

O prefeito Fernando Haddad (PT) criticou a operação. Durante entrevista chamada às pressas, horas depois do confronto entre policiais e usuários de drogas, Haddad reagiu: foi 'lamentável'.

Em nota, a prefeitura afirmou que "repudia esse tipo de intervenção, que fez uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma multidão formada por trabalhadores, agentes públicos de saúde e assistência e pessoas em situação de rua, miséria, exclusão social e grave dependência química".

A cracolândia tem sido alvo de uma operação da prefeitura de ressocialização de usuários de drogas. A gestão Fernando Haddad (PT) está pagando R$ 15 por dia a cerca de 400 usuários da região em troca de trabalho em serviços de zeladoria, como varrição de parques da cidade.

O pagamento é feito com base no dia trabalhado, não por valor fechado no final do mês. Assim, caso a carga horária do dia não for cumprida, ele não recebe. Hotéis da região também estão sendo cadastrados pela prefeitura para abrigar usuários de droga.

Na semana passada, Haddad disse que a região estava ocupada pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) e pela Polícia Militar, e que todos estão orientados a não promover uma "política higienista" no local.


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