Folha de S. Paulo


Resolução sobre socorro a vítimas gerou crise entre polícia e governo

Nos primeiros meses da resolução, policiais militares deixaram de socorrer vítimas de ferimentos de bala e proibiu a interferência de familiares dos feridos, culminando numa crise com o governo de São Paulo.

Na época, a PM afirmou que a decisão de proibir que familiares fizessem o transporte de feridos tinha por objetivo dar segurança à própria vítima e atender a resolução do governo.

Foi numa dessas ocasiões, em março de 2013, que parentes de um adolescente da Brasilândia (zona norte de São Paulo) foram proibidos de levar o jovem para o hospital.

A mãe do garoto, identificada com V., de 43 anos, afirmou que os policiais isolaram a área onde seu filho e outros sete jovens tinham sido baleados por homens não identificados e não deixaram ninguém se aproximar.

"Quando cheguei tinha mais de 15 viaturas da polícia no local. Eles disseram que não podíamos socorrer ninguém", disse.

Adriano Vizoni/Folhapress
V., 43, diz que foi impedida por policiais de socorrer o filho, um adolescente baleado em 2013
V., 43, diz que foi impedida por policiais de socorrer o filho, um adolescente baleado em 2013

Apenas após confronto dos moradores com a PM, o jovem foi levado ao hospital por amigos. O filho de V. sobreviveu após o socorro, mas ao menos um dos adolescentes baleados morreu no local.

Em resposta à atitude policial, moradores da região queimaram ônibus.

Depois do caso, a cúpula da Secretaria da Segurança afirmou que os policiais não podiam proibir que familiares ou vizinhos socorram um ferido.

A PM, então, mudou de posicionamento e disse que a interpretação dos policiais foi equivocada.

Para o promotor de Justiça Luiz Roberto Faggioni a resolução começou a ser divulgada como uma proibição para a polícia prestar socorro.

A pasta, entretanto, afirma que sempre houve a recomendação para que, caso não houvesse condições do Samu chegar ao local, a polícia prestasse o socorro aos feridos.


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