Folha de S. Paulo


'Rolezinho' no RS tem funk em praça de alimentação apesar de liminar

Um dos shoppings mais luxuosos do Rio Grande do Sul foi à Justiça para barrar o primeiro "rolezinho" de Porto Alegre, marcado para este domingo (19). O evento foi mantido, mas reuniu poucos participantes.

A direção do Moinhos Shopping, que fica em uma das áreas mais nobres da capital gaúcha, solicitou uma liminar determinando que os participantes deixassem de se manifestar nos limites do shopping e que fosse permitida a revista de pessoas no local. Também pedia autorização para impedir a entrada de menores de idade desacompanhados.

Na decisão, a juíza responsável proibiu somente atividades que pudessem "interferir no funcionamento" do local. No horário marcado para o encontro, agendado via Facebook, um oficial de Justiça entregou uma notificação judicial a um dos organizadores.

O analista de sistemas Fábio Fleck, 27, que recebeu a ordem judicial, diz que a intenção do evento era prestar solidariedade aos participantes de "rolezinhos" de São Paulo que foram barrados nos shoppings nas últimas semanas. "É uma crítica à desigualdade social. O movimento está sendo criminalizado, o que não pode acontecer", afirmou.

A segurança privada do shopping foi reforçada. Policiais militares também acompanharam a movimentação do lado de fora.

Em um primeiro momento, porém, o encontro reuniu mais jornalistas do que ativistas. O grupo, de cerca de dez pessoas, caminhou pelos corredores do shopping, deu entrevistas sobre o tema e se dispersou.

Pouco depois, um outro grupo, mais agitado, chegou ao centro de compras para participar do "rolê". Integrado por militantes da União da Juventude Socialista, organização estudantil ligada ao PC do B, 12 jovens cantaram músicas de funk pelas dependências do estabelecimento comercial e chegaram a entrar em lojas.

Em uma loja de vestidos, tiraram peças do mostruário e deixaram os responsáveis apreensivos. "Não vou levar porque é muito caro", disse, em tom de brincadeira, um participante do movimento.

Em um estande da Ferrari, os manifestantes provaram óculos de sol. Mais tarde, foram à praça de alimentação tomar sorvete e deixaram o shopping em seguida.

O conselheiro tutelar da região, Cristiano Pinto, acompanhou o evento e diz que houve manifestações de racismo de moradores do bairro que pediram "providências" contra o ato e contra a presença de "maloqueiros".

A direção do shopping afirma que foi à Justiça para garantir o funcionamento normal do estabelecimento. Com várias lojas de grifes, o shopping funciona anexado ao hotel Sheraton, um dos principais do Estado.


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