Folha de S. Paulo


Polícia ouve mais seis pessoas sobre chacinas em Campinas (SP)

A Polícia Civil ouviu nesta quarta-feira (15) seis depoimentos sobre a morte de 12 pessoas em Campinas (SP), em ataques ocorridos no início da semana na zona oeste da cidade. Até agora, 18 pessoas já prestaram depoimento.

Foram interrogados três guardas municipais, uns dos primeiros a chegar ao local das ocorrências, e três vizinhos e parentes de vítimas. Outros três guardas deverão ser ouvidos nesta quinta (16).

As mortes podem ter sido uma resposta ao assassinato de um policial militar, que reagiu a um assalto em um dia de folga. A Secretaria da Segurança Pública adotou como uma de suas linhas de investigação a suspeita de que PMs tenham participado da chacina.

O delegado Licurgo Nunes Costa, que coordena as investigações, afirmou que, por enquanto, nenhuma hipótese está descartada.

"Existe uma convergência, por parte da imprensa e dos populares, para imputar o fato a policiais militares, o que não descartamos, mas a Polícia Civil ainda não pode apontar isso", disse. "Algumas testemunhas falam que viram gente fardada, mas, quando questionados, não sabem dizer a cor ou descrever como era a farda."

Os investigadores também estão recebendo informações solicitadas à PM, como as listas com os nomes dos soldados que estavam em serviço nos bairros onde ocorreram as mortes. Também estão sendo analisadas imagens de câmeras de segurança dos terminais de ônibus Vida Nova e Ouro Verde

SOBREVIVENTES

A Polícia Civil foi informada, nesta quarta, de que duas pessoas deram entrada em hospitais de Campinas, com ferimentos a bala, entre a noite de domingo e a madrugada de segunda.

O ajudante-geral André Marchioli, 22, foi ferido no braço, nas nádegas e no peito por dois homens que estavam em uma motocicleta, a cerca de 2 km do local das mortes investigadas. Ele foi interrogado no Hospital de Clínicas da Unicamp.

A polícia não confirma ligação de seu caso com a chacina, porque, nas outras ocorrências, testemunhas disseram que os atiradores estavam de carro e não em motos.

Outra vítima de disparos, Alisson Pereira dos Santos, 23, está em coma no hospital da PUC. Ele deu entrada na segunda-feira. A PM havia lavrado boletim de ocorrência sobre o caso, mas demorou 24 horas para informar a Polícia Civil.

A demora na comunicação foi relatada à corregedoria da PM, para que seja apurado o motivo do atraso.


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