Folha de S. Paulo


Prefeitura de SP começa a remover barracos da cracolândia

A Prefeitura de São Paulo recomeçou, na manhã desta quarta-feira, o processo de retirada dos barracos da "favelinha" da cracolândia, na região central da cidade. A operação teve início ontem à tarde, quando foram removidos barracos da rua Helvétia.

Agora, a ação se concentra na esquina da alameda Dino Bueno com a avenida Duque de Caxias. No início da manhã, os próprios moradores retiravam seus pertences. Assistentes sociais estão abordando e cadastrando os moradores, que recebem uma espécie de "carteirinha".

De acordo com o projeto da prefeitura, cada usuário deverá desmontar seu próprio barraco, conforme for indicado para uma das 400 vagas em quatro hotéis da região.

Segundo a ONG União Social Brasil Gigante, que acompanha a remoção, foram cadastrados 260 barracos na região –ontem foram removidos 40 deles.

Ao menos 150 funcionários de coleta de lixo, lavagem e varrição participam da operação hoje. Outros 40 equipamentos de limpeza são usados, entre caminhões e carro-pipa.

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O programa municipal de ajuda a usuários de crack prevê o pagamento de R$ 15 por dia aos usuários em troca de quatro horas de trabalho, mais duas horas de requalificação profissional.

Poderão participar do programa de trabalho apenas aqueles em tratamento médico.

A operação estava marcada para hoje, mas foi antecipada porque, sabendo que seriam removidos, os próprios sem-teto iniciaram o desmonte dos barracos.

Usuário de crack há cinco anos e morador do local, Washington Vicente, 33, é um dos que serão levados para quartos de hotéis. Ele diz que tentará parar. Tem dois filhos e diz que irá morar com eles de novo porque terá um teto.

João Carlos Gones Aguiar, 32, mora na cracolândia há mais de 2 anos. O barraco de Carlinhos, como é conhecido, foi o primeiro a ser removido ontem.

"Eu que lancei a ideia para a prefeitura de formar uma frente de trabalho", diz. Ele diz que o plano original era ocupar um terreno próximo com material de reciclagem. "O trabalho de varrição é um começo só para colocar o pessoal para trabalhar e ver quem está envolvido."

Viciado em crack há três anos, Carlinho não vê os filhos há um ano. "Primeiro quero pegar essa oportunidade pra virar gente e ser um exemplo, depois vou procurar meus filhos", diz.

A primeira noite dele no hotel acabou com uma porta quebrada e uma bronca do gerente. "Sai logo cedo e deixei o cachorro trancado pra dentro. Ele queria sair, quebrou a porta", se diverte.


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