Folha de S. Paulo


Após proibição, grupos organizam 'rolezinhos' em shoppings fora da periferia

A região metropolitana de São Paulo tem ao menos dez "rolezinhos" marcados nas redes sociais até fevereiro. Alguns deles devem ocorrer fora de bairros da periferia, como Tatuapé, Santana e Pinheiros.

Os "rolezinhos" são encontros marcados pelas redes sociais que atraem centenas de jovens a shoppings. Eles entram pacificamente nos espaços, mas, depois, costumam promover correria.

No sábado, seis centros comerciais conseguiram liminares da Justiça para coibir os eventos. Juízes determinaram multa de R$ 10 mil para quem for flagrado em tumultos.

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Para o próximo fim de semana, estão programados "rolezinhos" nos shoppings JK Iguatemi, Metrô Tatuapé, Center Norte, em Santana (zona norte), e no Grande Plaza –este em Santo André, na Grande São Paulo.

Robson Ventura/Folhapress
Policiais revistam jovens que participaram de 'rolezinho' em shopping de Itaquera, na zona leste de São Paulo
Policiais revistam jovens que participaram de 'rolezinho' em shopping de Itaquera, na zona leste de São Paulo

Até fevereiro, há eventos marcados no Facebook em outros seis shoppings: Penha e Aricanduva, ambos na zona leste, Bonsucesso (Guarulhos), Taboão, Suzano e Mauá.

A Folha revelou que jovens que participaram de "rolezinhos" devem começar a ser intimados para serem comunicados sobre a possibilidade de serem multados.

No do último sábado, PMs usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os participantes do evento em Itaquera, na zona leste.

Após o "rolezinho" de sábado, PMs foram à delegacia e apresentaram duas ocorrências. Na primeira, dois irmãos foram agredidos e tiveram celulares e correntes roubados por um grupo na estação do Metrô, ao lado do shopping.

Na segunda, um rapaz disse ter sido assaltado por jovens que, pouco antes, furtaram uma loja de videogames.

O delegado titular do 65º DP (Artur Alvim), Luiz Antonio da Cruz, disse já abriu inquérito para apurar os delitos e que usará imagens de circuito interno do centro de compras para identificar envolvidos nos respectivos crimes.

Cruz disse que vai investigar os dois casos e a perturbação –prevista na Lei de Contravenções e que pode resultar em três meses de prisão– no mesmo inquérito.

"Esses jovens têm o direito de se divertir. Mas que democracia é essa em que 2.000 pessoas prejudicam outros 5.000 que vão passear?"

ABUSO DE PMS

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a Corregedoria da PM vai investigar abusos cometidos por policiais na ação para coibir o "rolezinho". A reportagem presenciou PMs dando golpes de cassetete num grupo que descia a escada rolante. "A repressão atenta contra a dignidade desses jovens. Houve discriminação", disse o advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Nacional de Criança e do Adolescente.


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