Folha de S. Paulo


Após protesto, MTST promete parar São Paulo em novos atos

Os acampados da Nova Palestina, na zona sul de São Paulo, prometeram se juntar a membros de outras ocupações da cidade para "fechar todas as principais avenidas", na próxima semana, caso a reivindicação por moradias não seja atendida pela prefeitura.

Os sem-teto fizeram na manhã desta sexta-feira (10) um protesto que reuniu cerca de 5.000 pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar. O grupo bloqueou a estrada do M'Boi Mirim, a ponte do Socorro e a marginal Pinheiros, nos dois sentidos.

"Nós vamos dar um tempo para o prefeito dar uma resposta. Se ele não der a resposta que queremos, na semana que vem vai ser ainda maior", disse Guilherme Boulos, da coordenação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).

A maioria das pessoas que participaram do ato de hoje tem barracos na área batizada de Nova Palestina, um terreno particular invadido e que já foi declarado de interesse social pela prefeitura na gestão Gilberto Kassab (PSD) –mas para virar um parque, e não moradia popular.

A ocupação começou em 29 de novembro com cerca de 2.000 famílias. Um mês depois já tinha 8.000. Elas são coordenadas pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), que organizou o protesto de hoje.

Frases como " oh, oh, o povo acordou" e " o povo na rua, Haddad a culpa é sua" foram cantadas pelos participantes durante todo o ato desta sexta, que prejudicou o trânsito na zona sul da cidade. Mesmo após o término da manifestação, por volta das 9h50, a cidade apresentava 60 km de ruas e avenidas congestionadas.

O pior corredor era a marginal Pinheiros, sentido Interlagos. Por lá, segundo o monitoramento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), havia 6 km de congestionamento no horário.

Parado na marginal Pinheiros durante o ato, o instalador de acessórios para motos Rafael Carvalho, 33, deitou no banco para relaxar. "Fiquei parado a 300 metros do meu trabalho", afirmou. Essa foi a primeira vez que ele passou por algo semelhante. "O jeito é não esquentar a cabeça", disse.

ESTOPIM

A manifestação de hoje aconteceu em resposta às declarações do prefeito Fernando Haddad que, nesta semana, após publicação de reportagem da Folha, disse que a área ocupada não deve ser usada para habitação popular, mas para a implantação de um parque.

O protesto também é contra o anúncio de corte em desapropriações feito pelo prefeito, que quer conter gastos do município.

Os sem-teto querem que pelo menos 30% da área do terreno invadido seja usada para moradia popular, o que dependeria de mudança no zoneamento, que ainda vai passar pela Câmara Municipal neste ano.

A reivindicação é que seja construído no local um conjunto habitacional financiado pela Caixa Econômica Federal, no âmbito do programa federal Minha Casa, Minha Vida.


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