Dia 28 de dezembro de 2013, às 10h, Baixo Guandu. Essa foi a data e o local escolhidos pela intérprete de libras Shara Gomes Scotá, 29, e pelo servidor municipal Douglas Vieira de Jesus Ferreira, 24, para se unirem para sempre. Seria o dia do "sim".
Ontem, porém, nenhum deles compareceu à cerimônia. Nem sequer a Baixo Guandu.
Ambos estavam na vizinha Itaguaçu, onde mora a família de Shara, ainda enfrentado os efeitos das enchentes que atingiram a região.
Ela passou a manhã na casa de parentes, na região rural, tentando a recuperar as roupas sujas de barro. O varal estava repleto de roupas de todos os parentes, aproveitando a estiagem que completava dois dias.
"No domingo, eu já imaginei: 'Já era'", disse Shara que vinha planejando a cerimônia havia seis meses e sonhando pela vida toda.
| Joel Silva/Folhapress | ||
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| Após 6 meses de planejamento, chuvas fazem casal adiar casamento no ES; Shara (foto) e Douglas não ainda definiram nova data |
Douglas, por sua vez, foi convocado pela prefeitura para ajudar na limpeza das ruas da cidade e estava recolhendo entulhos pela rua. Estavam separados a 4 km de distância um do outro.
"Eu fique muito triste. Porque estava tudo marcado, tudo certinho, e agora ter de marcar tudo de novo. Precisei ligar para todo mundo para dizer que não seria mais na data de hoje. Ligar para aluguel de vestido, aluguel de terno. Tudo. Desmarcar e esperar uma nova data. Eram mais de 150 convidados, contando os parentes", disse.
O casamento no cartório seria na segunda-feira. Mas, o cartório nem conseguiu abrir devido a quantidade de água na cidade. Os noivos ainda não escolheram nova data para o casamento. Precisam acertar as agendas dos palestrante da cerimônia e o interprete para o português. O casamento seria feito na linguagem de sinais (libra), em razão da profissão dela e pelo marido ser surdo.
"Eu disse para ela: 'É bom porque você tem tempo para pensar melhor", brincou a mãe de Shara Leomar Gomes Scotá, 55.