Folha de S. Paulo


Análise: Desventuras de Haddad atrapalham planos do PT

O Brasil nunca teve três políticos eleitos do mesmo partido ocupando ao mesmo tempo a Prefeitura de São Paulo, o Palácio dos Bandeirantes e a Presidência da República. As sucessivas derrotas administrativas de Fernando Haddad podem impedir o PT de quebrar esse tabu no ano que vem.

Ontem, o prefeito petista colheu uma derrota no Supremo Tribunal Federal, que negou a Haddad o direito de aumentar o IPTU paulistano enquanto o assunto não for julgado em definitivo pela Justiça de São Paulo.

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Após o revés no STF, a reação no Palácio do Planalto foi assim: "Teremos de socorrê-lo com dinheiro".

Em seguida, a constatação de que a perda de receita tornará ainda menos exitosa a gestão de Haddad na maior cidade do país.

Nesse cenário, a chance de o petista melhorar a popularidade se torna exígua no curto prazo. Só 18% dos paulistanos o aprovam, segundo o último Datafolha.

O maior temor do governo federal é a influência negativa que Haddad possa exercer em 2014 sobre as candidaturas da presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição, e de Alexandre Padilha, ministro da Saúde e nome do PT para tentar o cargo de governador de São Paulo.

Quando Haddad foi eleito prefeito, no ano passado, uma grande euforia tomou conta dos petistas.

Passaram a sonhar com a conquista do Estado de São Paulo pela primeira vez em 2014. Assim, a legenda teria a capital e o Estado mais importantes do país, além da Presidência –na hipótese de Dilma ser reeleita.

Como se não bastasse, ao perder a batalha do IPTU o prefeito alimentou a campanha de um adversário petista em 2014 na disputa pelo governo paulista. O vencedor foi o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, candidato do PMDB ao Bandeirantes.

As desventuras em série da administração de Haddad não são irreversíveis, mas tornam cada vez mais incerto contar com o prefeito da cidade de São Paulo trabalhando como cabo eleitoral a favor do PT em 2014.

Editoria de Arte/Folhapress

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