Folha de S. Paulo


Promotoria vai pedir interdição da Fundação Casa de Caraguatatuba (SP)

O Ministério Público deve entrar ainda nesta quinta-feira (19) com o pedido de interdição total, por tempo indeterminado, da Fundação Casa de Caraguatatuba, no litoral norte de SP.

A informação é do promotor da Vara da Infância da cidade, Luiz Fernando Guedes, e do juiz da Infância e Juventude, Gilberto Alaby Soubihe Filho.

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Os dois visitaram a unidade na manhã de hoje para avaliar a situação e tomar medidas em relação à fuga dos 54 menores infratores, na noite de ontem (18). De acordo com Guedes, muitos danos estruturais foram constatados na visita. Segundo ele, os menores recapturados estão seguros e não sofreram danos ou risco à saúde.

Apesar disso, ele diz que o levantamento feito na unidade mostra que o local não pode abrigar os adolescentes infratores na condição em que está. "O prédio foi muito prejudicado, por isso vamos pedir sua interdição e a transferência dos jovens para outras unidades da Fundação Casa, até que a situação seja resolvida por aqui", explicou.

O promotor contou que é possível ver as marcas da ação dos jovens durante a fuga. "Eles quebraram os bancos de concreto e, com eles, conseguiram destruir muitas outras coisas. Cadeiras, aparelhos de TV e muita coisa nas celas ficaram totalmente destruídas", disse.

Segundo ele, aparentemente não houve facilitação por parte dos agentes que estavam no plantão durante a fuga, mas, sim, de uma organização entre os menores. "Eles não conseguiram impedir. Acionaram a polícia, que não conseguiu chegar a tempo", afirmou.

A Fundação Casa, via assessoria, disse que ainda não foi notificada oficialmente sobre nenhum pedido do Ministério Público a respeito de remoção dos adolescentes da unidade de Caraguatatuba. Em conversa com os representantes da Promotoria e do Judiciário, a direção do centro socioeducativo diz ter explicado que a fundação garantirá a segurança dos adolescentes durante a execução das obras, "assim como todo o restante do atendimento socioeducativo".

A corregedoria da fundação instaurou sindicância para investigar os motivos da fuga. Para o juiz, o inquérito poderá mostrar melhor o que aconteceu. Ele conta que não há registro de outras fugas na unidade de Caraguatatuba.

De acordo com o promotor, a polícia trabalha para tentar encontrar os demais adolescentes foragidos, mas não há uma penalidade para os que são recapturados.

Até as 18h, 23 jovens haviam sido recapturados. Segundo um funcionário, além dos jovens recapturados pela polícia, houve o caso de uma família que levou o filho foragido de volta para a unidade.

Investigadores passaram pela casa de todos os menores que ainda não foram capturados para tentar encontrar pistas sobre o paradeiro deles.


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