Folha de S. Paulo


PM libera Radial Oeste, no Rio, mas continua no entorno do antigo Museu do Índio

A Polícia Militar liberou a avenida Radial Oeste, no Rio, às 10h desta segunda-feira, após quatro horas fechada por temor de confronto com manifestantes que ocupavam o antigo Museu do Índio, no Maracanã.

Pela manhã, o espaço foi desocupado por policiais dos Batalhões de Choque e de São Cristóvão. Cerca de 15 pessoas, entre elas dois índios, foram detidas por resistirem a sair. Eles foram levados para a 18 DP (Praça da Bandeira).

Outros 20 ativistas permanecem na lateral do museu em protesto. Eles dizem que foram retirados do local sem ordem judicial. O delegado titular da delegacia da Praça da Bandeira, Fábio Barucke, esteve na porta do espaço e disse que o governo tem ordem judicial, mas o documento ainda estava a caminho da unidade policial.

Enquanto isso, bombeiros usam uma escada magirus para conversar com um índio da tribo majajara que protesta em cima de uma árvore do terreno do extinto museu. O índio que protesta em cima da árvore disse que só desce com a presença do seu advogado.

Diana Brito /Folhapress
Índio protesta em cima de árvore do antigo Museu do Índio, no Maracanã; Corpo de Bombeiros utiliza escapada para tentar negociar a saída dele
Índio protesta em cima de árvore do antigo Museu do Índio, no Maracanã; Corpo de Bombeiros utiliza escada para negociar a saída dele

Os manifestantes afirmam que voltaram a ocupar o antigo Museu do Índio no dia 5 de agosto. Na madrugada deste domingo (15), eles resolveram entrar em um dos quatro prédios do antigo Ministério da Agricultura, nos fundos do terreno em protesto pelo início das demolições dos edifícios sem comprovação de autorização judicial.

Os ativistas reclamam ainda que uma manifestante grávida teria sido agredida por policiais do Batalhão de Choque, que cerca o espaço desde o início da manhã de ontem.

Os manifestantes disseram ainda que foram agredidos pelos PMs com spray de pimenta. De acordo com o grupo, o antigo museu tem sido usado como universidade indígena e reúne professores e alunos. "Aqui a gente tem aula de tupi, artesanato, grafismo indígena, bioconstrução de ocas e outras", disse um dos manifestantes, que ocupava o espaço.

Mais cedo, um homem foi detido sob suspeita de furtar documentos de um escritório improvisado da Odebrecht, empresa do consórcio responsável pelas obras do estádio do Maracanã. - que estaria funcionando nem um dos prédios do extinto Ministério da Agricultura.

OCUPAÇÃO

Em março deste ano, os indígenas que ocupavam o prédio desde 2006 foram retirados com forte aparato policial, gás lacrimogêneo e balas de borracha. O local ficou conhecido como "Aldeia Maracanã".

Inicialmente o prédio seria demolido para a construção de um estacionamento e de um shopping que faziam parte do projeto do novo Maracanã.

Dedicado à causa indígena desde 1865, apesar de mais de 20 anos abandonado pelo governo, o prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do estádio do Maracanã, seria transformado em um memorial olímpico - como anunciou o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) em fevereiro. Meses depois, no entanto, Cabral voltou atrás e desistiu da ideia. Na ocasião, pediu que fizessem um estudo para que no museu fossem realizadas atividades indígenas.

O governador afirma que só serão demolidos os quatro prédios do antigo Ministério da Agricultura para a construção do Museu do Futebol - que deve ficar pronto apenas para as Olimpíadas de 2016.


Endereço da página: