Folha de S. Paulo


Faixa de ciclistas dará lugar a vagas para carros no Rio Grande do Sul

Pintados de vermelho em ruas movimentadas, quilômetros de ciclofaixas construídas nos últimos anos em Lajeado, a 112 km de Porto Alegre (RS), vão virar estacionamento. A justificativa é "falta de uso".

A ideia partiu de um vereador, ganhou apoio da prefeitura e revoltou cicloativistas.

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A lei que permite o estacionamento de veículos nas ciclofaixas no horário comercial já foi sancionada. Cerca de 20% dos 21 km de faixas demarcadas também serão removidos.

Autor da proposta, Sérgio Rambo (PT) diz que a ciclofaixa foi mal planejada, é pouco usada e prejudica comerciantes com a falta de vagas para estacionar.

"Não servem para nada. A condição econômica da população melhorou. Então, compraram mais carros", afirma Rambo. Entre as justificativas formais para a proposta estão o relevo acidentado da cidade e a "falta de cultura" no uso da bicicleta.

Como em outras cidades, o investimento nas faixas exclusivas para ciclistas em Lajeado começou recentemente. Trechos de ruas foram asfaltados para permitir o tráfego das bicicletas, e tachões foram fixados no piso para segregar as faixas dos carros. O custo não foi informado.

Com a mudança de gestão, no início de 2013, a prioridade foi revista.

O atual coordenador de Trânsito do município, Euclides Rodrigues, afirma que a cidade tem alta taxa de carros --74 veículos por cem habitantes, numa população total de 76 mil- e que o espaço para bicicletas fica ocioso.

Um grupo local de ciclistas se mobilizou, participou de reuniões com governantes e vê nas faixas um "investimento futuro".

Paulo Bagatini, do grupo "PedaLajeado", diz que a medida não vai melhorar a mobilidade e que a proposta é "retrógrada".


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