Folha de S. Paulo


Polícia ouve manifestantes envolvidos em onda de protestos em SP

Cerca de 80 pessoas identificadas como participantes da onda de protestos que ocorreu em São Paulo nos meses de junho, julho e agosto foram intimadas para depor nesta quinta-feira. Até as 17h20, ao menos 50 delas já tinham sido ouvidas.

O grupo, apontado como suspeito de ter ligação à tática "black bloc", permanece no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) para averiguação. Os dados colhidos nos depoimentos de hoje vão fazer parte de um inquérito que será encaminhado ao Ministério Público.

Entre as perguntas que estão sendo feitas aos manifestantes estão as razões de estarem no ato, se fazem parte de algum partido político, como souberam do protesto, se possuem e-mail e Facebook, além de outros detalhes do que ocorreu nos protestos.

Segundo a polícia, o objetivo dos interrogatórios é saber se essas pessoas se organizaram em grupos para participar de ações criminosas. No mês passado, outras 65 pessoas já tinham sido chamadas para prestar depoimento e depois liberadas.

O advogado Ramon Koelle, da Comissão de Direitos Humanos do Sindicato dos Advogados, acompanha os depoimentos de hoje e afirmou que a polícia está tratando manifestantes como membros de uma organização criminosa e destacou que o conselho dele é que eles fiquem calados no depoimento.

"[A polícia] deveria abrir uma força-tarefa para apurar os abusos cometidos pela PM. Há repórteres cegos que legaram tiros no rosto, policiais que quebraram vidro de viaturas, e nada disse está sendo investigado", afirmou o advogado.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirma, com frequência, que uma intensa investigação sobre manifestantes adeptos à tática dos "black bloc" está sendo conduzida pela polícia. O chefe do executivo estadual, no entanto, não dá informações mais detalhadas a respeito.


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