Folha de S. Paulo


Morador de Austin, em Nova Iguaçu, passa a noite em casa alagada

Por quase dez horas, o comerciante Alexandre Gonçalves, 44, permaneceu com água pela cintura dentro de sua própria casa. Morador da rua Ibicuí, no bairro de Austin, em Nova Iguaçu, ele passou a madrugada com a residência alagada e iluminada por velas.

"Ontem à noite, meia hora depois do início da chuva, a água já começou a entrar na casa. Não havia o que fazer para evitar. Desliguei a luz porque a água logo ficou acima da altura das tomadas", disse Gonçalves, que é dono de uma mercearia no centro de Nova Iguaçu.

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Na última sexta-feira, ele já havia enfrentado o mesmo problema. Na ocasião, perdeu boa parte dos móveis de sua residência.

"A água atingiu o meu colchão e o da cama do meu filho, destruiu o rack da televisão, perdi quase tudo. O guarda-roupa, feito em compensado de madeira, simplesmente desmontou", disse o comerciante, que mora há 20 anos, com a mulher e o filho, em uma casa de quarto e sala na rua Ibicuí.

Quando a chuva recomeçou ontem, ele tentou salvar o que ainda lhe restava. "Deixei o botijão de gás e a televisão em cima da pia. E fiquei em casa esperando passar, com água pela cintura", contou Gonçalves.

Só às 10h, o nível da água baixou e ele iniciou a limpeza de sua residência. "Estou dormindo em cima de uma lona desde sexta-feira. Mas confesso que é difícil pegar no sono com a ameaça de chuva por aqui", acrescentou.

TRÂNSITO

Na avenida Brasil, motoristas desligaram os carros na altura de Ramos, na tarde de hoje, para economizar gasolina no trânsito, completamente parado. O comerciante Gustavo Gomes Machado, 44, estava há duas horas a menos de um quilômetro da saída da via para a Penha, onde pretendia passar para chegar ao Mercado São Sebastião.

"Está tudo parado. Pela manhã já tinha desistido de ir para Angra. Mas achava que conseguiria chegar no mercado. Nem isso!", disse ele, a cerca de dez quilômetros da região alagada da avenida.

Em Ramos, dezenas de pessoas se acumulavam no ponto de ônibus aguardando a chegada de um coletivo. O militar Paulo Tarso Freitas, 23, disse que estava há uma hora e meia aguardando ônibus para Xerém, em Duque de Caxias.

"Liguei para a empresa e eles não souberam me informar. Acho que desistiram de passar enquanto a avenida Brasil não fica liberada", disse ele.

Editoria de Arte/Folhapress

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