Folha de S. Paulo


Um a cada três moradores das maiores cidades já foi vítima de crime

Um a cada três moradores de cidades acima de 15 mil habitantes foram vítimas de algum tipo de crime em um período de 12 meses.

Os dados não foram compilados pela polícia, mas por uma pesquisa do Ministério da Justiça que busca levantar o número de vítimas que não necessariamente tenham registrado o caso.

A Pesquisa Nacional de Vitimização, a primeira de âmbito nacional, entrevistou 78 mil pessoas em 346 municípios nos períodos de junho de 2010 a maio de 2011 e junho de 2012 a outubro de 2012. Ela cobre o período de 12 meses anterior à realização do levantamento.

Foram pesquisados 12 tipos de delitos, como sequestro, fraude, acidente de trânsito, agressão, ofensas sexuais, discriminação e furto ou roubo de automóveis, motocicletas e outros objetos.

A pesquisa foi feita em conjunto com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), a Universidade Federal de Minas Gerais e o Datafolha.

Segundo o levantamento, 21% dos brasileiros afirmaram ter sido vítimas de ao menos um dos crimes pesquisados nos 12 meses anteriores. Os Estados do Norte e Nordeste lideram o ranking. Nas cidades do Amapá, primeiro colocado, 46% dos habitantes foram vítimas. Na outra ponta, em Santa Catarina, foram 17%. Considerando o critério de renda, os mais ricos se disseram mais expostos à violência. Entre os que pertencem à classe A, 33,5% afirmam ter sofrido algum dos crimes.

A grande maioria dos entrevistados também afirmou que não registrou queixa -80,1% não comunicaram a polícia sobre o ocorrido. Dos crimes pesquisados, o roubo de carros foi o que teve maior taxa de notificação à polícia, cobrindo 90% dos casos. A menor notificação foi entre as vítimas de discriminação, com apenas 2%.

Dos que comunicaram os crimes à polícia, 45% não ficaram satisfeitos com o atendimento recebido. Já as vítimas que avaliam positivamente a polícia, em apenas 5,7% dos casos o motivo apontado foi porque tiveram algum bem recuperado e 3,7% porque os autores foram presos -motivos que estão entre os que mais levam às pessoas a registrar algum crime oficialmente.

Quando questionados se já tinham sido vítimas de crimes ao longo da vida, 32,6% responderam de forma afirmativa.

CRIMES

Em relação ao local das ocorrências, a maior parte foi dentro de casa (38,3%) ou na própria rua (33,3%).

Talvez por este motivo, somente 22% dos entrevistados disseram se sentir "muito seguros" ao andar em seu próprio bairro à noite e 52% teme ser vítima de bala perdida.

Na maioria dos casos levantados (72%) não há menção a uso de armas, mas nos episódios de roubo de carros ou motos, por exemplo, a ameaça com arma de fogo chega a 79% do total.

As agressões foram os crimes mais relatados da lista -14,3% dos entrevistados disseram ter sido vítimas, na maioria das vezes, de casos de "insulto, humilhação ou xingamento".

Para 60% dos entrevistados, a criminalidade havia aumentado em sua cidade nos 12 meses anteriores. Nas capitais, João Pessoa teve o maior índice (87%) e, o Rio, o menor (40%).

A pesquisa também levantou a "tensão latente" dos entrevistados, isto é, o medo de ser vítima de algum crime e a chance de que isso viesse a ocorrer nos meses no futuro próximo. O maior medo é de ter a casa invadida ou roubada, presente em 75% das respostas. Mas o medo de ser vítima de violência da PM atinge 34%, índice acima, por exemplo, do temor de ter o carro levado em um assalto.

POLÍCIA

A maioria (78%) dos entrevistados disse confiar na Polícia Militar, mas apenas 18% dizem ter muita confiança.

Para 58%, os policiais abusam do uso da força ou autoridade, mas somente 6,7% relatou ter sido vítima de agressão verbal de um PM e, 4%, agressão física.


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