Folha de S. Paulo


Cresce a dependência das transferências na renda dos mais pobres, segundo IBGE

As famílias mais pobres do país estão mais dependentes dos programas de transferência de renda, que ganharam, em uma década, peso na renda total dos lares que integram a base da pirâmide de rendimentos.

Entre 2002 e 2012, a participação do rendimento de outras fontes (categoria que abrange benefícios de programas sociais como Bolsa-Família e outros) na renda per capita familiar (dividida entre cada membro) passou de 14,3% para 36,3% para o grupo de renda mais baixo, o de até 1/4 de salário mínimo per capita.

Já para as famílias com rendimento de 1/4 a 1/2 salário por pessoa, o peso das outras fontes subiu de 6,5% para 12,9% de 2002 a 2012, segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais, divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE.

Nos dois grupos, não houve redução na taxa de ocupação dos membros das famílias em idade de trabalhar, que ficou acima da registrada em 2002 para as duas faixas de renda. Ou seja, os benefícios não afastaram a família do mercado de trabalho, segundo o IBGE.

"Os dados mostram que não se confirmou o que era uma preocupação de todos, que os programas de transferência de renda desestimulassem a procura por emprego", diz Ana Lucia Saboia, coordenadora da pesquisa.

Nas famílias mais pobres (até 1/4 de salário mínimo per capita), o peso da renda do trabalho caiu de 78,5% do rendimento total para 58,5%. Já aposentadorias e pensões recuaram de 7,1% para 5,3%.

Editoria de Arte/Folhapress

NORDESTE

Pelos dados do IBGE, o peso das outras fontes (que inclui o programa de transferência de renda) no rendimento das famílias com renda de até 1/4 de salário mínimo por pessoa chegava a 21,5% na região Nordeste em 2012. No Maranhão, atingia 24,5%, maior percentual entre os Estados do país.

O crescimento do peso das transferências no rendimento dos mais pobres cresceu em paralelo à inclusão de mais famílias no Bolsa-Família. O número de famílias beneficiadas pelo programa federal cresceu de 6,6 milhões em 2004, ano de seu lançamento, para 13,9 milhões em 2012. Desse total, 50,6% estavam na região Nordeste.


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