Folha de S. Paulo


Sobe para 25 o número de presos em operação da PF contra pedofilia

Uma rede de dezenas de pedófilos que produziam e compartilhavam imagens de pornografia infantil pela internet foi desmontada nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal.

Os investigados, espalhados por 11 Estados do país, usavam como "ponto de encontro" um site russo de compartilhamento de fotos, cujo nome não foi divulgado. Por meio do site, eram enviadas imagens de crianças nuas ou em cenas de abuso sexual. As vítimas, segundo a PF, tinham entre 6 meses e 15 anos de idade.

"É chocante. Há casos em que a gente olha e se pergunta: 'Será que essa criança sabe falar?'. Tem até bebê de colo", afirma o delegado Flávio Palma Setti, que coordenou as investigações.

Entre os suspeitos, que não se conheciam pessoalmente, há professores, um chefe de um grupo de escoteiros, um médico, um policial militar e um soldado da Aeronáutica. Os nomes não foram divulgados. "São pessoas aparentemente acima de qualquer suspeita", diz Setti.

Na maioria dos casos, era o pai ou uma pessoa muito próxima da criança, como vizinhos ou amigos da família, quem cometia os crimes. Alguns deles trocavam suas imagens por outras de seu interesse, "encomendando" as fotos que mais lhe apraziam.

A investigação, que já dura dois anos, monitora cerca de 300 pessoas, todas brasileiras e do sexo masculino. Duas delas vivem nos Estados Unidos e estão sendo investigadas pelo FBI, a pedido da Polícia Federal.

OPERAÇÃO

Hoje, a PF buscou provas em casas e escritórios de cerca de 80 pessoas, espalhadas por 11 Estados.

A operação levou à prisão em flagrante de 24 pessoas por posse de pornografia infantil, cuja pena é de até quatro anos de reclusão, e à prisão preventiva de um homem na cidade de São Paulo, por suspeita de estupro de menores.

Este homem tinha contra si um mandado de prisão, que tem prazo indeterminado e só pode ser revogado por ordem judicial. Segundo a PF, ele atraía crianças para uma casa em que tirava fotos das vítimas e cometia os abusos.

Durante as investigações, outros dois casos de estupro de menores foram rastreados e identificados --um na Bahia e outro em Minas Gerais. Esses suspeitos foram presos antes da operação de hoje.

Quem foi preso em flagrante por posse de pornografia infantil pode ser solto mediante pagamento de fiança. As prisões se deram nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Ceará.

A PF ainda vai investigar se esses criminosos compartilharam as fotos pela internet, o que configuraria um crime inafiançável, com pena de até seis anos de reclusão, ou se cometeram abusos.

"Essa é só a primeira fase da investigação. Agora, precisamos colher depoimentos, aguardar provas periciais, identificar outras pessoas envolvidas nos crimes, para depois indiciarmos os suspeitos", afirma a agente Miriam Regina Braga.


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