Folha de S. Paulo


Interditada, ponte Estaiadinha não tem previsão para liberação

A Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras) informou que a ponte Orestes Quércia, a Estaiadinha, que liga a avenida do Estado à marginal Tietê, na zona norte de São Paulo, continuará interditada por tempo indeterminado porque "sofreu avarias".

A via foi interditada no sábado durante a reintegração de posse da favela Estaiadinha, que fica sob a ponte, depois que as chamas de um incêndio atingiram a sua estrutura. No domingo, barracos do terreno voltaram a pegar fogo.

A ponte só será liberada depois que novas avaliações de engenheiros constatarem boas condições estruturais para o tráfego de veículos.

Os técnicos analisarão os cabos de aço e a estrutura da ponte. Como a obra foi feita pela Dersa, será necessária uma análise do projeto e cálculos para que os engenheiros possam analisar os estragos.

Pelo sentido Ayrton Senna da marginal, a via fica a cerca de 200 metros depois da ponte da Casa Verde. O acesso à ponte possui sentido único.

REINTEGRAÇÃO

Cerca de 200 famílias que moravam no terreno sob a ponte foram retiradas da área no sábado (16). Desde então, pelo menos 300 pessoas acampam desde na sede do Detran, na avenida do Estado.

Elas dizem que vão ficar no local até a prefeitura pague auxílio-aluguel ou ofereça um local para que eles construam casas.

Os moradores reclamam da falta de atenção das autoridades, da fome e do frio. A ex-moradora da Estaiadinha Lucimara Oliveira Santana, 26, está em frente ao Detran desde a reintegração e disse que o filho dela não foi à escola por falta de roupas. "A gente depende do que trazem para a gente porque nossas coisas queimaram no incêndio. Meu filho de 3 anos está com a mesma roupa do corpo e à noite sente muito frio", disse.

A favela foi instalada há cerca de cinco meses em uma área de aproximadamente 4.000 metros quadrados. O terreno pertence à Prefeitura de São Paulo, que entrou com pedido de reintegração de posse há dois meses. A Justiça acolheu o pedido e determinou que os moradores saíssem do local em até 90 dias.

Segundo os sem-teto, houve nesse período uma série de negociações com a prefeitura, que teria pedido para que eles indicassem outros terrenos para alojar as famílias.

A prefeitura afirma que vem cadastrando as famílias da ocupação da Estaiadinha em seus programas de habitação social desde o final de julho, integrando-as à meta de entregar 55 mil moradias até o fim da gestão.


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