Folha de S. Paulo


Grupo criou subsecretaria de arrecadação pessoal em SP, diz promotor

O promotor Roberto Bodini, responsável pela investigação do esquema de cobrança de propinas para a liberação de empreendimentos em São Paulo, disse que o grupo que desviou ao menos R$ 500 milhões dos cofres da prefeitura montou um "quartel general para arrecadar dinheiro" dentro da sede do executivo municipal.

Para Bodini, dentro da sala funcionou uma "subsecretaria de arrecadação pessoal". "Eles montaram naquela sala, no 11º andar do edifício sede da prefeitura, um QG para arrecadar dinheiro. O gabinete funcionou como subsecretaria de receita pessoal, porque recebiam dinheiro para eles".

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No fim do mês passado, quatro auditores de carreira da Prefeitura de São Paulo foram presos acusados de integrar um grupo que negociava o valor do ISS (Imposto Sob Serviços) para a liberação do Habite-se. Ronilson Bezerra Rodrigues, Carlos di Lallo Leite do Amaral, Eduardo Horle Barcellos e Luis Alexandre Cardoso de Magalhães atuavam na subsecretaria de arrecadação da prefeitura durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).

O promotor disse ainda que ouvirá o ex-secretário de Finanças de Gilberto Kassab, Mauro Ricardo, já que todos os quatro servidores presos era subordinados dele. " Com essa confirmação também deveremos prosseguir na investigação a respeito da ciência do secretário. Se não por ação, na sua omissão. Foram anos com dinheiro sendo entregue no andar de baixo do seu local de trabalho, dentro do prédio público, R$ 60 mil, 100 mil por semana em dinheiro, guardado dentro do armário", disse Bodini.

Ele não disse quando irá ouvir Ricardo, mas afirmou que o ex-secretário terá que dar explicações. "Vai ser chamado, não sei quando. Ele tem que explicar como aconteceu isso. Ele era o superior direito do Ronilson. Era um subordinado direto recebendo quantias semanais de dinheiro dentro de seu local de trabalho. E ele não sabia e nem procurou saber?", completou.


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