Profissionais do setor de transporte e de escolta armada -e até a polícia- apontam a falta de combate à receptação como o principal estímulo ao roubo de cargas.
"Para onde vai essa carga roubada? Quem compra?", diz o capitão Vladimir Ribeiro, comandante da Polícia Militar Rodoviária na região de Campinas.
Campinas se torna 'Triângulo das Bermudas' das cargas milionárias
"Nosso papel é repressão imediata, mas os marginais têm informação privilegiada. Ou você acha que eles vão para a rodovia e falam: 'Vamos roubar aquele caminhão ali'?"
O modus operandi dos bandidos corrobora a teoria: são quadrilhas fortemente armadas, com veículos potentes e que abordam caminhões em locais de velocidade reduzida e com rotas de fuga, como alças de acesso.
E os sindicatos fazem coro nos pedidos de atuação contra a receptação. "Cobramos da polícia [ações contra] a desova da carga roubada", diz Lúcio Cláudio Lima, diretor do SindForte (sindicato dos trabalhadores de guarda e transporte de valores de SP).
"A situação está preocupante. Combater só roubo de carga não adianta", diz Edson Beraldo, do Sindicamp (sindicato das empresas de transporte de carga de Campinas e região).
Altair Iuga, do Semeesp (sindicato das empresas de escolta do Estado), reconhece que se trata de um trabalho difícil. "Temos uma extensão territorial muito grande na região. Em 40 minutos o ladrão está dentro de uma chácara ou galpão, e a recuperação fica muito difícil."
O dirigente defende investimento em inteligência para tentar frear a onda de crimes, como na criação de uma central que possa compartilhar, em tempo real, todas as informações sobre esses delitos. "Só assim poderemos dar uma resposta."