Folha de S. Paulo


Justiça manda soltar estudante suspeito de agredir coronel da PM durante protesto

A Justiça de São Paulo concedeu liberdade provisória ao estudante e comerciário Paulo Henrique Santiago dos Santos, 22, preso há 13 dias sob a suspeita de agredir um coronel da PM durante uma manifestação no Terminal Dom Pedro 2º, no centro da cidade.

Ele foi liberado do CDP (Centro de Detenção Provisória) 3 de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, na noite desta quinta-feira (7).

Santos é indiciado por associação criminosa e tentativa de homicídio contra o coronel da PM Reynaldo Simões Rossi, espancado por cerca de dez manifestantes que participavam de protesto do MPL (Movimento Passe Livre) na sexta-feira retrasada (25).

O PM Márcio Yukio Yoshino, que socorreu o coronel, aponta Santos como um dos agressores. Segundo seu depoimento, o estudante "agrediu a vítima com pauladas, socos e chutes, mesmo tendo esta caído ao solo, (...) com o intuito de matá-la".

Ao ser espancado, o coronel teve fratura na omoplata, além de cortes nas pernas e na cabeça. A maior parte dos agressores flagrados em fotos e vídeos usava máscaras. Até agora, Santos é o único indiciado sob suspeita do crime.

Na decisão, o juiz Alberto Anderson Filho afirma que manter o estudante preso poderia caracterizar um "constrangimento ilegal", já que as circunstâncias do crime ainda não foram elucidadas e pode levar tempo até o Ministério Público apresentar denúncia contra o rapaz.

Enquanto isso, Santos terá de prestar contas mensalmente à Justiça e não poderá participar de qualquer manifestação, nem frequentar bares, casas noturnas e locais com aglomeração de pessoas, à exceção da Faculdade Santa Marcelina, onde cursa relações internacionais.

Em nota, a Polícia Militar afirmou que não comentará a decisão da Justiça.

DEFESA

A defesa de Santos entrou com recurso após o primeiro pedido de liberdade provisória ter sido negado em primeira instância, na quarta-feira passada.

O advogado do universitário, Guilherme Braga, apresentou à Primeira Vara do Júri cerca de 900 imagens quadro a quadro de vídeo que registra o espancamento do coronel da PM.

Nas imagens, a maioria dos agressores são manifestantes mascarados, adeptos à tática "black bloc" --que pregam o dano a patrimônio como protesto.

"Durante a manifestação, a polícia prendeu dezenas de pessoas para triagem e, mais tarde, verificando as fotos, identificou o Paulo porque ele é o único que aparece com o rosto descoberto. Mas as imagens mostram que ele nem sequer encostou no PM", afirma Braga.

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