Folha de S. Paulo


Haddad diz que ainda haverá várias exonerações na prefeitura

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse na manhã desta quinta-feira (7) que "vários" servidores municipais ainda serão exonerados por ligação com o escândalo de fraudes do ISS (Imposto sobre Serviços).

Haddad, porém, não informou quantas pessoas serão afastadas. "Essas informações dependem do grau de sigilo definido pelo doutor Spinelli [controlador-geral, Mário Spinelli]. Ele indica isso desde março", comentou o prefeito durante visita feita na ampliação da unidade do Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).

O prefeito afirmou que a ex-chefe de gabinete da secretaria de Finanças, Paula Sayuri Nagamati, foi exonerada porque omitiu informações importantes. Atualmente, ela era supervisora técnica da SMADS (Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social).

Ela disse ao Ministério Público ter ouvido de um dos auditores presos que houve colaboração à campanha do secretário de Governo, Antonio Donato, à Câmara Municipal, em 2008, com "dinheiro fruto da fiscalização". O caso foi revelado pelo "O Estado de S. Paulo".

"O chefe de gabinete é a pessoa que mais convive com você. Se ele omite informações, causa um desconforto. Isso acontece mesmo que ele não tenha envolvimento [com as fraudes]", disse Haddad. Ontem, o prefeito saiu em defesa do secretário de Governo.

A Promotoria disse que Paula não é investigada pelo caso. "A Paula Sayuri é testemunha no meu procedimento. Ela sempre foi e está sendo tratada como testemunha. Não existe qualquer acusação formal, qualquer fato imputado a Paula Sayuri que a coloque como investigada no meu procedimento", disse o promotor Roberto Bodini.

Sobre este fato, Haddad disse que "colaborar com a investigação é bom, mas ter confiança [no servidor] é necessário."

Paula ocupava até então cargo de supervisora técnica na Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social. Ela foi chefe de gabinete do ex-secretário de Finanças Mauro Ricardo, ligado ao ex-prefeito José Serra (PSDB).

Antes do depoimento da auditora, Donato, braço político do prefeito Haddad, já havia sido citado em outros três episódios por envolvidos no esquema do ISS.

Em uma interceptação telefônica, Vanessa Alcântara, ex-companheira do auditor Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, também acusado na fraude, afirmou que Donato teria recebido do grupo R$ 200 mil para a campanha.

O servidor municipal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, suspeito de integrar o esquema de corrupção que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres da prefeitura foi suspenso preventivamente. Ele estava preso, mas foi solto após ser beneficiado pela delação premiada.

Outros três funcionários, Eduardo Horle Barcellos, Carlos Augusto di Lallo do Amaral e Ronilson Bezerra Rodrigues, suspeitos de participar do esquema, continuam presos.


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