Folha de S. Paulo


Estudantes da USP devem encerrar greve e desocupar a reitoria

Os estudantes da USP (Universidade de São Paulo) devem encerrar a greve e desocupar a reitoria nos próximos dias. O comando geral de greve dos estudantes se reuniu ontem (4) e diz que a medida deve ser tomada por conta de uma assinatura de termo de acordo com os estudantes e a reitoria na última quinta-feira (31).

A decisão final dos estudantes, porém, só será tomada amanhã (6) à noite quando será feita uma assembleia geral. Hoje (5), acontecem as assembleias no curso que vão embasar as decisões no encontro de quarta-feira.

Ontem, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu pela reintegração de posse imediata da reitoria do campus Butantã. Com a decisão, em caráter liminar (temporário), o local ocupado desde 1º de outubro por um grupo de estudantes deve ser esvaziado ou a universidade poderá acionar a polícia para retirá-los.

O diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes) Pedro Serrano diz que nas últimas três semanas têm sido construído um acordo com a universidade. "Não existe cabimento a força de uso policial. Existe uma grande possibilidade da greve e da ocupação encerrarem amanhã", avalia o diretor do DCE.

Segundo Serrano, nenhum oficial de Justiça foi até o local na manhã de hoje. Em nota, o DCE repudiou a decisão da Justiça. "Não iremos admitir nenhuma repressão ou reintegração de posse. Não iremos admitir nenhum golpe da reitoria em meio ao processo de negociação", diz a nota. "Chamamos a que toda universidade e a sociedade se levantem em nome da democracia, do diálogo e do direito dos estudantes em se manifestar", conclui.

Uma das principais reivindicações dos estudantes que ocupam o local é escolher os próximos reitores por meio de eleições diretas.

No dia 15 de outubro, o desembargador José Luiz Germano havia dado prazo de 60 dias para a desocupação do local. A USP, porém, solicitou a antecipação desse prazo, alegando incidentes como depredação, quebra de vidraças e bloqueio de vias da Cidade Universitária promovidos pelos estudantes. A torre do relógio da USP também foi pintado com tinta vermelha.

"Como se vê, trata-se de caso extremamente grave que vem atrapalhando o bom andamento da Universidade de São Paulo, uma vez que seus agentes estão sendo obrigados a despachar outro endereço dentro do campus, pois existem alunos ordeiros que não pertencem a este grupo, e pretendem ter continuidade nos seus dias letivos", escreveu o desembargador Xavier de Toledo na decisão de ontem.

Cerca de 500 alunos participam da ocupação, segundo integrantes do DCE. De acordo com a USP, o campus possui algo em torno de 50.000 estudantes.

Segundo o DCE, os representantes da reitoria informaram que deve haver reposição de aulas após a greve e a manutenção de uma mesa de negociação com os estudantes.

Os estudantes dizem também que a reitoria sinalizou que fará um processo para formulação de um novo estatuto da universidade. "Com esta promessa os estudantes entendem que poderão conseguir fazer com que a universidade realize eleições diretas para reitor, diretores de unidade e chefes de departamento, sua principal pauta da greve", informa nota do DCE.

Procurada, a USP não se manifestou sobre o assunto.


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