Folha de S. Paulo


Vereador empregava em seu gabinete parentes de auditor acusado de corrupção

O vereador Nelo Rodolfo (PMDB) empregava em seu gabinete dois parentes de Fábio Remesso, auditor fiscal exonerado no último sábado suspeito de envolvimento com o grupo que causou um rombo de aproximadamente R$ 500 milhões.

Na tarde de ontem, dois dias após a demissão do auditor, o parlamentar exonerou o pai dele, Lourenço Remesso, e sua mulher, Suzana Remesso, ambos assessores parlamentares, com salários em torno de R$ 3 mil.

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Remesso era até sábado assessor técnico da Secretaria de Relações Governamentais, comandada pelo petista João Antonio. Antes, foi chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social.

De acordo com apuração do Ministério Público e da Controladoria-Geral do Município, durante a gestão Gilberto Kassab (PSD), quando atuava na Secretaria de Finanças, Remesso fez parte de um esquema coordenado pelo ex-chefe da arrecadação na cidade, Ronilson Rodrigues, preso na semana passada.

O grupo é acusado de cobrar propina para dar descontos no ISS (Imposto Sobre Serviços) a empreiteiras em troca de propina.

Funcionário de carreira da administração, Remesso foi indicado por Rodolfo para atuar na gestão petista.

O PMDB faz parte da base aliada do prefeito Fernando Haddad (PT) e comanda pelo menos três secretarias da gestão.

Antes de atuar com Antonio, ele foi chefe de gabinete da secretaria de assistência, chefiada por Luciana Temer (PMDB), filha do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB).

Ficou lá de janeiro até junho, quando foi recomendado por Rodolfo a Antonio.

AMIZADE

O vereador diz que é amigo de Remesso há mais de 15 anos, pois ambos viviam no bairro Lauzane Paulista (zona norte), onde se conheceram. "Fábio [Remesso] é auditor fiscal de reconhecida capacidade", disse.

Segundo ele, Suzane foi contratada "para cuidar da área social do gabinete".

"Nessa função, participou da organização de vários eventos beneficentes", disse.

Sobre o pai de Remesso, Rodolfo afirmou que sua função era encaminhar "demandas dos bairros como liderança comunitária".

O vereador diz que não sabia das acusações. "Continuo acreditando que ele não esteja envolvido".

O secretário João Antonio afirmou que, de fato, o assessor foi indicado por Rodolfo e que não sabi de seu envolvimento com o esquema.


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