Folha de S. Paulo


Atitudes de secretário sugerem o contrário das gravações, diz Haddad

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), minimizou o conteúdo de escutas telefônica reveladas ontem pelo programa "Fantástico", da Rede Globo, que relacionam pela terceira vez o nome do secretário de governo, Antonio Donato, com auditores presos sob suspeita cobrar propina de empresas para reduzir o valor do ISS.

Segundo ele, Donato sempre colaborou com as investigações e não há indícios da participação dele no esquema. "Estão falando as coisas e nós temos que observar, mas com toda a cautela devida, pois esse povo sabe desde março que está sendo investigado", disse.

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O prefeito garantiu que também acompanha de perto o chefe da pasta de governo desde o início das investigações. "Desde março eu acompanho ele [Antonio Donato] e desde então as atitudes sugerem o contrário das gravações".

Haddad ainda descartou qualquer possibilidade de afastar o secretário. De acordo com ele, não há provas para que isso ocorra.

Na conversa interceptada por uma escuta telefônica autorizada pela Justiça, uma mulher identificada apenas como amante do fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães ameaça revelar que ele doou dinheiro para a campanha eleitoral de Donato a vereador.

"Eu vou ligar para o Donato amanhã (...) e vou falar: você lembra que recebeu R$ 200 mil do Luis Alexandre para a sua campanha eleitoral?", diz a mulher na ligação. Luis Alexandre responde, na mesma gravação, que não sabe quem é Donato.

O fiscal, um dos quatro servidores da Prefeitura de São Paulo presos sob acusação de cobrar propina, confessou participação no esquema e fez um acordo com o Ministério Público para dar informações em troca de uma eventual pena mais branda. O auditor foi solto hoje.

Em entrevista ao "Fantástico", Donato disse que não conhece Luis Alexandre e que não recebeu nenhum recurso de campanha nem dele nem dos acusados presos. Mario Ricca, advogado de Guimarães, nega a acusação.


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