A Prefeitura do Rio inicia hoje o "enterro" do elevado da Perimetral, viaduto a beira-mar no centro da cidade.
A via, cuja demolição faz parte da revitalização da região portuária, será substituída por avenida expressa com túnel de 2,5 km de extensão.
Mais da metade da construção --o trecho entre o entre o viaduto do Gasômetro e a praça Mauá- será interditada para preparar a demolição, daqui a duas semanas.
A iniciativa é a primeira no país a seguir a experiência internacional de demolição de viadutos a fim de recuperar áreas urbanas degradadas.
"Um dos principais causadores deste abandono [do centro] é o elevado da Perimetral. Ele tratou a região como uma área de passagem para fugir para áreas distantes", disse o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
A demolição de viadutos já foi realizada em ao menos 17 cidades no exterior, segundo estudo do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento). Mas o projeto carioca é alvo de críticas da própria entidade.
A diretora do instituto no Brasil, Clarisse Linke, afirma que a substituição por outra via expressa não desestimula o uso do carro.
"Precisamos acabar com a lógica rodoviarista e estimular o uso do transporte público. A derrubada pode ser interessante do ponto de vista urbanístico, mas não cumpre a tarefa de tirar carro da rua. Vão enterrar o viaduto."
Sobre a via expressa será construído um passeio da praça 15 ao armazém 8. A prefeitura vai implantar um sistema de VLT (veículo leve sobre trilhos) e um BRT (corredor de ônibus).
POLÊMICA
Construída entre as décadas de 1950 e 1970, o viaduto de cerca de 5,2 km liga o centro às principais vias de acesso à cidade (ponte Rio-Niterói e avenida Brasil).
O debate sobre a derrubada começou dez anos após a conclusão, mas só saiu do papel em 2011.
O ex-prefeito e atual vereador Cesar Maia (DEM) discorda da decisão. "Fechamos a Perimetral como se estivesse em obras e analisamos os desdobramentos. O risco de caos superava 80%", disse.