Folha de S. Paulo


Grafites são 'mastectomizados' para alertar sobre prevenção do câncer de mama

Grafites de mulheres nuas e mastectomizadas (cirurgia de retirada do seio) têm se espalhado pelas ruas da capital.

A ação, do A.C. Camargo Cancer Center, tem o objetivo de chamar à atenção sobre o câncer de mama e a importância da mamografia. Apesar do chamado `Outubro Rosa', mês oficial de prevenção da doença, já ter terminado, a iniciativa persiste em nove endereços de São Paulo.

O grafiteiro Ricardo de Athayde Leitão, conhecido como Anão, conta que foi procurado pela agência de publicidade JWT para que sua obra, na avenida Ataliba Leonel (zona norte de SP), participasse da campanha. A mulher tatuando o próprio seio ganhou um papel tipo lambe-lambe para simular a mastectomia.

Eduardo Knapp/Folhapress
Grafite contra o câncer de mama em parede na rua Dr. Francisco Figueiredo Barreto, no bairro Pompeia
Grafite contra o câncer de mama em parede na rua Dr. Francisco Figueiredo Barreto, no bairro Pompeia

Anão conta que também ficou encarregado de ajudar a elaborar as artes que seriam utilizadas nas obras de outros grafiteiros. O trabalho durou mais de dois meses pois foi preciso encontrar os grafites que poderiam ser modificados e depois conseguir a autorização dos seus autores. "Fizemos o lambe-lambe para que ficasse bem real. Isso chamou muito à atenção das pessoas nas ruas", comenta.

O diretor de criação da JWT, Ricardo John, diz que apesar da campanha ser voltada para as mulheres, o objetivo é fazer com que os homens também fiquem atentos sobre a necessidade da prevenção e alertem as mulheres de seu convívio. "A ideia foi transformar a paisagem em uma mensagem. Foi fazer o grafite ganhar vida dentro daquele cenário que faz parte do nosso cotidiano", explica.

Além do lambe-lambe com o seio mastectomizado, é colocado nas artes a frase "Qualquer mulher pode ser vítima do câncer de mama". Esse grafites podem ser conferidos, por exemplo, na praça da República (centro) e na rua Luminárias, na Vila Madalena (zona oeste).

John ressalta que a ação que duraria apenas no mês de outubro segue nas ruas devido à grande repercussão da campanha chamada "Tinta contra o câncer".

Além de abordar a importância da prevenção e alertar para o diagnóstico precoce da doença, a proposta da campanha é mostrar que a retirada do seio não representa a perda da feminilidade. "Muitas mulheres, de todas as classes sociais, se recusam a fazer a mamografia com medo de descobrir a doença. Muitas têm medo da cicatriz. A prevenção precoce é fundamental para a cura da doença", comenta a diretora de mastologia do A.C. Camargo, Maria do Socorro Maciel.

Maria do Socorro, que é cirurgiã oncológica, diz que a chance de cura do câncer de mama supera 90% se ele é diagnosticado precocemente.

Segundo a médica, a mulher que não tem histórico na família deve fazer a mamografia anualmente após os 40 anos enquanto as que tem casos da doença na mãe ou na avó, por exemplo, deve fazer o exame a partir dos 30 anos.

O câncer de mama é o mais incidente na população feminina. No Brasil, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) são estimados 52.680 casos novos da doença em 2013.


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