Folha de S. Paulo


Polícia solta 32 presos durante manifestação na Fernão Dias

A polícia libertou na manhã desta terça-feira (29) 32 pessoas que participaram dos atos de vandalismo e protestos que bloquearam a rodovia Fernão Dias na noite de ontem (28). Segundo a polícia, apenas duas permanecem presas.

De acordo com Bruno Guilherme de Jesus, delegado de plantão no 39º DP (Vila Gustavo), as 32 pessoas foram liberadas por falta de provas e apenas duas continuam presas por ainda não ter sido possível reconhecer suas identidades. O delegado aguarda a conferência das suas impressões digitais para que também sejam liberadas. Ontem, a PM falava que 90 pessoas haviam sido detidas.

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Segundo o delegado, pelo menos 20 detidos tinham passagem pela polícia, a maioria por roubo, furto e tráfico de drogas. Entretanto, nenhum dles teve a conduta individualizada e foram liberados.

O protesto deixou ao menos seis ônibus e três caminhões incendiados no início da noite na rodovia Fernão Dias e na Vila Medeiros, na zona norte de SP. O ato, contra a morte de um adolescente por um policial militar, começou por volta das 18h. A PM também informou que uma loja foi arrombada e saqueada.

Segundo a Polícia Militar, durante um saque a uma loja na avenida Milton Rocha, na Vila Medeiros, algumas pessoas estavam armadas e fizeram disparos de arma de fogo. Um pedestre foi atingido por um tiro e socorrido por policiais militares da Força Tática ao Hospital São Luis Gonzaga.

Manifestantes também obrigaram passageiros de um ônibus fretado a deixar o veículo. Houve saques a uma loja da região, segundo a Polícia Militar.

Imagens da TV Record mostraram um dos manifestantes dirigindo um caminhão-tanque na rodovia. Algumas pessoas subiram no veículo enquanto o homem o conduzia.

O autônomo Osvaldo Herculano, que trafegava pela Fernão Dias com direção a Mairiporã (Grande SP), diz que manifestantes tentaram parar seu carro, mas ele conseguiu fugir e estacionar em um posto de gasolina. "Vi muitos carros sendo roubados", conta ele.

Fernando Donasci/Folhapress
Grupo coloca fogo em ônibus em protesto contra morte de adolescente na zona norte de São Paulo
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CAMINHÃO-CEGONHA

A polícia investiga se o incêndio de um caminhão-cegonha tem relação com o protesto de ontem. Por volta das 0h desta terça-feira, criminosos atearam fogo no veículo na alça de acesso do viaduto Tavares de Souza para a marginal Tietê, no sentido rodovia Presidente Castello Branco, na zona norte de São Paulo.

O motorista disse à polícia que um grupo o obrigou a parar o caminhão e descer. Eles cruzaram o veículo na rua e atearam fogo. O caminhão e cinco carros que eram transportados ficaram totalmente destruídos no incêndio. O motorista e o ajudante não se feriram.

Avener Prado/Folhapress
Caminhão-cegonha incendiado por volta da 0h desta terça na alça de acesso do Viaduto Tavares de Souza para a marginal Tietê
Caminhão-cegonha incendiado por volta da 0h desta terça na alça de acesso do Viaduto Tavares de Souza para a marginal Tietê

ADOLESCENTE MORTO

A onda de violência começou após o adolescente Douglas Rodrigues, 17, ser assassinado no domingo (27) por um policial militar na Vila Medeiros. A morte gerou uma série de protestos no bairro com veículos incendiados e saques, ainda na noite de domingo.

A mãe do rapaz, Rossana de Souza, afirmou que o filho não entendeu o motivo de ter sido atingido. Ela diz que o adolescente chegou a questionar o PM: "por que o senhor atirou em mim?"

De acordo com a família, o garoto trabalhava em uma lanchonete. "Ele não tinha preguiça de trabalhar. Ele estudava. Estava no terceiro ano", disse a mãe em entrevista à Rede Globo.

O PM que matou Douglas foi preso e encaminhado para o presídio militar Romão Gomes, também na zona norte. Segundo a PM, ele vai responder por homicídio culposo (sem intenção de matar).

A Polícia Militar informou, em nota, que PMs atendiam uma ocorrência de perturbação do sossego na rua Bacurizinho com a avenida Mendes da Rocha, quando suspeitaram de dois rapazes e decidiram abordá-los.

"Por motivo a esclarecer", continua a PM, houve um "disparo acidental" da arma de um dos policiais, que atingiu um adolescente de 17 anos no tórax. Ele foi levado ao hospital do Jaçanã, mas não resistiu ao ferimento e morreu.


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