Folha de S. Paulo


Cerca de 90 pessoas são detidas em protesto na zona norte de SP

Cerca de 90 pessoas foram detidas sob suspeita de participar de atos de vandalismo durante um protesto na zona norte de São Paulo. Segundo a Polícia Militar, os detidos estão sendo levados ao 39º DP (Vila Gustavo).

Ao menos seis ônibus e três caminhões foram incendiados no início da noite na rodovia Fernão Dias e na Vila Medeiros. O ato, contra a morte de um adolescente por um policial militar, começou por volta das 18h.

Adolescente é morto por PM e gera protestos na Vila Medeiros, em SP
Meu filho perguntou por que PM atirou, diz mãe de jovem morto

Segundo a Polícia Militar, durante um saque a uma loja na avenida Milton Rocha, na Vila Medeiros, algumas pessoas estavam armadas e fizeram disparos de arma de fogo. Um pedestre foi atingido por um tiro e socorrido por policiais militares da Força Tática ao Hospital São Luis Gonzaga.

Manifestantes também obrigaram passageiros de um ônibus fretado a deixar o veículo. Houve saques a uma loja da região, segundo a Polícia Militar.

Imagens da TV Record mostraram um dos manifestantes dirigindo um caminhão-tanque na rodovia. Algumas pessoas subiram no veículo enquanto o homem o conduzia.

O autônomo Osvaldo Herculano, que trafegava pela Fernão Dias com direção a Mairiporã (Grande SP), diz que manifestantes tentaram parar seu carro, mas ele conseguiu fugir e estacionar em um posto de gasolina.

"Vi muitos carros sendo roubados", conta ele.

Por volta das 22h15, a pista nos dois sentidos permaneciam bloqueadas.

Segundo a Polícia Militar, a manifestação ocorreu em diversos pontos da Vila Medeiros e do Parque Edu Chaves. A PM também informou que uma loja foi arrombada e saqueada.

Fernando Donasci/Folhapress
Grupo coloca fogo em ônibus em protesto contra morte de adolescente na zona norte de São Paulo
Grupo coloca fogo em ônibus em protesto contra morte de adolescente na zona norte de São Paulo

ADOLESCENTE MORTO

O adolescente Douglas Rodrigues, 17, que foi morto no domingo (27) por um policial militar na Vila Medeiros. A morte gerou uma série de protestos no bairro com veículos incendiados e saques, ainda na noite de domingo.

A mãe do rapaz, Rossana de Souza, afirmou que o filho não entendeu o motivo de ter sido atingido. Ela diz que o adolescente chegou a questionar o PM: "por que o senhor atirou em mim?"

De acordo com a família, o garoto trabalhava em uma lanchonete. "Ele não tinha preguiça de trabalhar. Ele estudava. Estava no terceiro ano", disse a mãe.

O PM que matou Douglas foi preso e encaminhado para o presídio militar Romão Gomes, também na zona norte. Segundo a PM, ele vai responder por homicídio culposo (sem intenção de matar).

A Polícia Militar informou, em nota, que PMs atendiam uma ocorrência de perturbação do sossego na rua Bacurizinho com a avenida Mendes da Rocha, quando suspeitaram de dois rapazes e decidiram abordá-los.

"Por motivo a esclarecer", continua a PM, houve um "disparo acidental" da arma de um dos policiais, que atingiu um adolescente de 17 anos no tórax. Ele foi levado ao hospital do Jaçanã, mas não resistiu ao ferimento e morreu.


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