Folha de S. Paulo


Votação do IPTU tem protesto solitário e 'palhaçada' de vereador

O aposentado Vitor Camilo da Silva, 63, saiu de casa ontem, às 14h, rumo à Câmara, pronto para se juntar a outras pessoas em protesto contra o projeto de aumento do IPTU.

Às 16h, ainda em meio à discussão do projeto que seria votado, deixou a galeria da Casa desapontado.

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"Vou embora. O que adianta protestar sozinho aqui? Depois, o pessoal fica no boteco bebendo cachaça e reclamando da vida. Se não compareceu, tem de aceitar", afirmou.

Silva foi o único manifestante em uma galeria praticamente vazia. "Vim até com medo de não achar lugar."

A Câmara Municipal aprovou ontem, em primeira votação, o aumento do IPTU. O imposto ficará até 20% mais caro para os imóveis residenciais e até 35% para os não residenciais em 2014 --percentuais máximos de aumento neste ano.

Imóveis com valorização acima desses tetos pagarão novos reajustes nos próximos anos, mas limitados a 10% para residenciais e 15% para não residenciais.

No total, 31 vereadores foram a favor das mudanças. Outros 13, contra. Pelo menos 11 vereadores não ficaram até o final da sessão. O projeto ainda passará por uma segunda --e última-- votação, que deve ocorrer na próxima semana.

Das poucas pessoas presentes quase nenhuma sabia da votação do IPTU.

"Vim apenas acompanhar. Eu não pago IPTU. Moro numa kitnet alugada", afirmou o vigia Olir Borges, 42.

Um grupo de cerca de 40 estudantes de jornalismo também passou por ali para conhecer o funcionamento da Câmara paulistana.

Durante a visita, os estudantes puderam ver o vereador Marquito (PTB) mandar "beijinhos" e "tchauzinhos" para eles na galeria.

Também presenciaram o parlamentar cobrindo a cabeça e tapando os ouvidos, em tom de brincadeira, enquanto vereadores da base e da oposição discutiam.

À Folha, Marquito --ex-palhaço de auditório-- disse que aquele é seu jeito, mas em nenhum momento agiu um deboche à Casa ou aos colegas.

"Não é que levo aqui na brincadeira, mas de vez em quando é muita falação e pouco resultado", afirmou. A estudante de jornalismo Juliana Ribeiro, 27, concorda. "Tem muita brincadeira. É muita bagunça", afirmou.


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