Folha de S. Paulo


Polícia e procurador de Justiça investigam 'caso Amarildo' do Paraná

Desde o final de maio, o caseiro Edenilson Murillo Rodrigues, 25, está desaparecido. Morador de Piraquara (região metropolitana de Curitiba), ele sumiu após uma abordagem policial, assim como o pedreiro Amarildo de Souza, no Rio de Janeiro.

O caso do "Amarildo paranaense" ainda está sob investigação. Para o Ministério Público, as circunstâncias do desaparecimento não estão claras e é preciso "cautela" na comparação com o caso carioca, em que dez policiais foram indiciados sob suspeita de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.

Algumas conclusões, porém, já foram tomadas.

Rodrigues tem uma filha de três anos e nenhuma passagem pela polícia. Morava numa chácara de Piraquara com a mulher e a enteada. Na noite de 21 de maio, policiais militares que investigavam uma denúncia de tráfico de drogas invadiram o local.

A PM do Paraná, responsável pela abordagem, concluiu em investigação no mês passado que os policiais não tinham mandado judicial para entrar na propriedade e não registraram ocorrência, o que fere o protocolo.

Bruno Henrique/Portal Banda B
Mãe exibe foto de Edenilson Murillo Rodrigues, o 'Amarildo' do Paraná
Mãe de Edenilson Murillo Rodrigues, o 'Amarildo' do Paraná, exibe foto do filho, desaparecido desde maio

Os policiais estão afastados de suas funções desde o início da apuração, cumprindo tarefas internas. Mas ainda não se sabe se participaram do sumiço do caseiro.

A família de Rodrigues acusa os policiais de agressão. A namorada dele, dois amigos que estavam no local e uma quarta testemunha, que diz ter visto a cena de longe, sustentam que ele foi agredido com máquinas de choque, e saiu algemado e desacordado num carro da PM. Dizem ter só ouvido as agressões, pois afirmam terem sido isolados em outro cômodo.

Polícia e Secretaria da Segurança Pública não se manifestaram sobre as acusações. A PM diz que o inquérito que investigou o caso está na corregedoria da corporação, que pediu mais dados. Os nomes dos policiais envolvidos não foram divulgados.

Para o procurador de Justiça Leonir Batisti, que investiga a atuação policial e ouviu testemunhas do caso, a situação é "nebulosa".

"Estamos ainda na linha da desconfiança. Não está claro se ele foi levado pelos PMs. As informações são vagas", afirma.

O sumiço está sendo investigado também pela delegacia de Piraquara, mas o delegado responsável informou que não concederá entrevistas até concluir o inquérito.


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