Folha de S. Paulo


Ato por moradia tem confronto, incêndio e interrupção de trens em SP

Um protesto por moradia gerou confronto, incêndio, bloqueios de vias e interrupção de trens nesta quinta-feira na região do Jardim Matarazzo, na zona leste de São Paulo. O ato começou por volta das 16h30 e começou a acalmar apenas às 23h.

O protesto reuniu em torno de 300 pessoas, segundo estimativa da PM, na avenida Doutor Assis Ribeiro. O grupo, que é contra a reintegração de posse de um terreno da região, montou barricadas com fogo na via e bloqueou a linha 12-safira da CPTM, que ficou com sete estações interditadas por mais de três horas --a liberação ocorreu por volta das 19h50.

Com confronto, moradores não conseguem chegar em casa
Após três horas, trens voltam a circular na linha 12 da CPTM

Os manifestantes também colocaram fogo em três galpões da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e atiraram pedras contra os policiais, inclusive com o uso de estilingues. Já os PMs responderam com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. A Tropa de Choque chegou ao local por volta das 20h30.

"É lamentável que tenham destruído equipamento público. A CDHU investiu muito nessa área, que era uma das mais violentas de São Paulo", afirmou o presidente da companhia, Antonio Carlos Amaral, que foi até o local do confronto. "Não sei quem são esses moradores", disse ele ao ser questionado porque os moradores estavam revoltados.

Uma jovem de 22 anos, que mora em uma das áreas que passará pela reintegração respondeu a afirmação de Amaral. "É um absurdo falar em investimento aqui. Tem gente que espera há seis anos a construção de moradia", disse a auxiliar de limpeza, Isabela Aparecida de Oliveira. Ela disse que recebeu a informação de que a reintegração acontecerá ainda neste mês.

Gero/Futura Press/Folhapress
Manifestantes colocam fogo em galpões próximos a Doutor Assis Ribeiro durante protesto por moradia na zona leste de São Paulo
Manifestantes colocam fogo em galpões próximos a Doutor Assis Ribeiro durante protesto por moradia na zona leste de São Paulo

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o bloqueio ainda era feito na altura da rua Caucasica no final da noite. Os motoristas que seguem no sentido do bairro podem utilizar como opção as avenidas Paranaguá, Abel Tavares e São Miguel. Já aqueles com destino ao centro, podem optar pela rua Custódia de Lima e avenida São Miguel.

Com a confusão, dezenas de moradores da região tiveram dificuldade para retornar para casa. "Não sei o que vou fazer. Tentei passar pelos túneis e pelo viaduto, mas a polícia não deixava", afirmou Maria Zuleide, 48, que foi chamada pela escola do neto para ir buscar a criança quando o protesto começou. Segundo ela, o menino de cinco anos é diabético e precisaria ter recebido uma injeção de insulina às 19h. Ela, porém, ainda tentava chegar em casa por volta das 21h.

Em nota, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) afirmou que foram invadidas, entre os dias 6 e 7 de outubro, quinze áreas no núcleo União de Vila Nova, destinadas a implantação de praças, ruas e escolas. A companhia então ajuizou ação de reintegração de posse, que foi deferida pela Justiça.

"A invasão dessas áreas com destinação social afeta diretamente a população local e prejudica o processo de regularização fundiária do núcleo, que vai garantir a cada morador a matrícula de seu imóvel", diz a CDHU.


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