Folha de S. Paulo


Após tentativa de invasão, prefeita em exercício reclama de vandalismo em prédio da prefeitura

Depois de um grupo de manifestantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) ter tentado invadir a Prefeitura de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (17), a vice-prefeita Nádia Campeão (PC do B), que substitui o prefeito Fernando Haddad (PT), disse que apesar de respeitar os movimentos para pedir moradia não pode ver com bons olhos atos de vandalismo, como as vidraças quebradas no prédio da prefeitura.

"Na cidade não podemos aceitar esses métodos para serem usados como reivindicação. Lamentamos o vandalismo", afirmou. Cerca de 300 integrantes do MTST, segundo estimativa da PM, fecharam totalmente o viaduto do Chá (região central de SP) até por volta das 13h desta quinta-feira (17). O grupo tentou invadir o prédio da prefeitura e quebrou seis vidraças da entrada principal do prédio.

Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST, afirmou que o grupo resolveu encerrar o protesto após a prefeitura informar que vai se reunir com uma comissão de sem-teto na próxima terça-feira. A administração municipal, no entanto, não confirma esse encontro.

Segundo Boulos, o município teria se comprometido a não fazer despejos até que essa nova reunião aconteça. Essa informação também não foi confirmada pela administração municipal.

Pouco antes do protesto ser encerrado, a prefeita em exercício disse que ninguém da prefeitura receberia os manifestantes hoje, pois uma comissão formada por sem-teto já foi ouvida na terça-feira (15), quando o MTST fez uma outra manifestação e tentou invadir o prédio da Câmara Municipal.

O grupo prometeu fazer novas ocupações em terrenos da cidade.

Segundo a prefeitura, três guardas-civis ficaram feridos na ação. Um inspetor teve um corte na mão direita, outro sofreu hematomas na perna esquerda e um guarda apresenta inchaço no pescoço, por conta de "uma paulada".

Os manifestantes, que fazem parte do movimento das ocupações Faixa de Gaza, em Paraisópolis, e Dona Deda, no Parque Ipê, na zona sul da cidade, pedem a manutenção e ampliação das Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social), expansão de habitações de interesse social em outras áreas da cidade e a mudança na maneira como a prefeitura age nas ações de despejo em terrenos públicos ocupados.

Segundo Boulos, a prefeitura promove despejos em terrenos municipais com ações da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e sem pedir reintegração de posse à Justiça.

TENSÃO NA TERÇA

Na terça-feira (15), o ato teve momentos de tensão, quando os manifestantes tentaram invadir a Câmara dos Vereadores. A GCM usou gás de pimenta e cassetetes para impedir que o grupo ultrapassasse um bloqueio feito com tapumes no Palácio Anchieta - uma das faixas do viaduto Maria Paula chegou a ficar bloqueada por mais de uma hora.

Houve um princípio de confusão, no momento em que pessoas que estavam no prédio do legislativo paulistano jogaram objetos nos manifestantes. Eles revidaram. Segundo a Polícia Militar, a manifestação daquele dia reuniu 400 pessoas --os organizadores falaram em mil participantes.

Uma comissão formada por 12 integrantes do MTST foi recebida pelo presidente do legislativo paulistano, José Américo (PT). Para ele, os manifestantes entregaram um documento com sete propostas --a principal era a agilização da votação do Plano Diretor da cidade, enviado aos vereadores há três semanas pelo prefeito Fernando Haddad (PT).

Na sequência, os sem-teto foram recebidos na prefeitura. Lá, eles esperavam reforçar o pedido sobre as ações da GCM nos despejos em terrenos públicos.

O grupo foi recebido pelo secretário-adjunto de Relações Governamentais, José Pivatto. A prefeitura afirmou que encaminharia as pautas do MTST para a secretaria de Habitação, que é o órgão que deve analisar a viabilidade dos pedidos.


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