Ativista dos direitos das prostitutas desde 1987, Gabriela Leite fundou a grife de roupas Daspu. A marca, cujo nome é uma ironia ao da grife de luxo Daslu, foi criada em 2005 para gerar recursos à ONG Davida, fundada por ela própria em 1992.
Ex-prostituta, iniciou sua militância em 79, quando organizou uma marcha em protesto contra um delegado violento que frequentava a Boca do Lixo, em São Paulo, local onde ela trabalhou antes de se aposentar e se dedicar exclusivamente à luta pelo direito das profissionais do sexo.
Seu trabalho ganhou repercussão quando ela organizou o primeiro encontro nacional das prostitutas, em 1987, na capital paulista, com mulheres de 11 Estados.
A primeira coleção da Daspu foi lançada em 2005. A ONG firmou parcerias com estilistas e criou peças que eram apresentadas em desfiles pelo país e fora dele.
As roupas eram desenhadas por profissionais, mas os temas das campanhas eram sugeridos pelas próprias prostitutas. O primeiro foi "caminhoneiros", por eles serem vistos como clientes educados.
Leite escreveu o livro "Filha, Mãe, Avó e Puta", em 2009, adaptado para o teatro.
Recentemente, uma das vitórias do movimento iniciado por Leite foi a criação de um projeto de lei que regulamenta a profissão de prostituta no Brasil, apresentado ao congresso pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) no início deste ano.
Gabriela morreu anteontem, no Rio, em decorrência de um câncer de pulmão. Tinha 62 anos. Deixa o marido, duas filhas e duas netas.
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