Folha de S. Paulo


'Não vamos nos intimidar', afirma Alckmin sobre ameaças de facção

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse hoje, em Mirassol (a 467 km de São Paulo), que "não se intimidará" com a divulgação de gravações telefônicas em poder do Ministério Público nas quais líderes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) discutiriam até um plano para atacá-lo.

"Os bandidos dizem que as coisas ficaram mais difíceis para eles. Pois eu quero dizer que vão ficar muito mais difíceis. Nós não vamos nos intimidar, é nosso dever zelar pelo interesse público, lutar contra a criminalidade", afirmou o tucano, que fazia anúncio de obras para infraestrutura na cidade.

Facção planejou morte de Alckmin, diz Ministério Público

Alckmin disse ainda que os índices de criminalidade no Estado caíram em razão da ação do governo.

"Vamos fortalecer ainda mais regime disciplinar diferenciado, penitenciária de segurança máxima. Temos as mais fortes do país aqui no Estado de São Paulo. Os índices de criminalidade estão baixando fruto desse trabalho. E esse trabalho vai ser fortalecido para proteger a população".

A declaração é uma resposta a outra gravação, atribuída a Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, tido como chefe do PCC, na qual ele diz para um comparsa identificado como "Magrelo" que a criminalidade caiu no Estado por causa da ação da facção.

INVESTIGAÇÃO

A investigação sigilosa começou em 2009 e, na semana passada, resultou na denúncia de 175 suspeitos de pertencerem à facção pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico. Conforme membros do Judiciário, essa é a maior ofensiva contra o PCC desde sua criação, há 20 anos. É também a maior denúncia contra qualquer grupo criminoso.

A apuração do Gaeco (grupo de promotores que investiga o crime organizado) concluiu que os criminosos do PCC estão espalhados por 22 unidades da federação, no Paraguai e na Bolívia. Só no Estado de São Paulo são 7.800 integrantes.

As investigações foram feitas por setores de inteligência do Ministério Público e da Polícia Militar a partir de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Em uma delas, o detento considerado o principal líder da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, diz para um comparsa identificado como Magrelo que a criminalidade caiu no Estado por conta da ação do PCC.

"O irmão, sabe o pior que é? E que há dez anos todo mundo matava todo mundo por nada... Hoje pra matar alguém é a maior burocracia [estatuto do PCC teria disciplinado várias condutas], então quer dizer, os homicídios caíram não sei quantos por cento, aí eu vejo o governador chegar lá e falar que foi ele", afirmou Marcola.

Mais tarde, na mesma conversa, Marcola diz que graças à facção, ninguém mais usa crack nas cadeias. "Nós (chefes do PCC) paramos, na prisão ninguém usa".

O caso foi revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo".


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