Folha de S. Paulo


Pedágio urbano é visto como solução inescapável para o trânsito

"O sistema de rodízio de veículos está esgotado em São Paulo. Entendo que chegou a hora do pedágio urbano", decretou Candido Malta, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, anteontem durante o Fórum de Mobilidade Urbana.

Para ele, o pedágio é uma medida de contenção de congestionamentos melhor do que o aumento do preço da gasolina, que criaria um aumento no custo dos transportes como um todo, fosse na cidade, no Estado ou no país.

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"O pedágio é inteligente porque é localizado numa região e capaz de instituir, por exemplo, valores maiores para veículos maiores", disse.

Outro entusiasta da ideia é Paulo Feldmann, professor de FEA-USP e membro do Conselho da Cidade. "Poderíamos ter um adicional na receita da cidade da ordem de R$ 3 bilhões com uma tarifa de apenas R$ 10 de pedágio", explicou em sua palestra durante o Fórum.

Se cada um dos seis milhões de carros de São Paulo passar no centro da cidade uma vez por semana, seriam cerca de 50 vezes em um ano, ou R$ 500 por veículo.

Editoria de Arte/Folhapress

Entre boa parte daqueles que arcariam com esse custo, no entanto, questão não é exatamente popular.

"Se as pessoas já reclamam para pagar o IPVA [imposto sobre a propriedade de veículos], imagina mais um imposto?", avalia o vereador José Police Neto, defensor da bicicleta como meio de transporte. Ainda assim, ele acha que a medida terá que ser adotada. "Vai acontecer, mas é preciso a premissa de um transporte coletivo que funciona."

O próprio prefeito Fernando Haddad admitiu que a proposta da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) de destinar parte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis para financiamento do transporte público é uma espécie de "pedágio urbano".

A diferença é que, ao invés de se limitar a um espaço específico da cidade, a medida recairia sobre todos os proprietários de veículos particulares da capital.

A tarifa para a circulação de carros no centro de São Paulo já passou pela Câmara Municipal. Em 2010, o então vereador Carlos Apolinario (PMDB) propôs a instituição do pedágio na mesma região em que hoje funciona o rodízio de automóveis. A proposta tramitou até o início deste ano, quando foi arquivada.


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