Folha de S. Paulo


Promotoria denuncia três pessoas por morte na Unicamp

O Ministério Público denunciou três pessoas nessa quinta-feira (10) pela morte do estudante Denis Papa Casagrande, 21, durante uma festa no campus da Unicamp no último dia 21.

Maria Tereza Alexandrino Peregrino e Anderson Marcelino Ferreira Mamede, ambos de 20 anos, e André Ricardo de Souza Motta, 22, são acusados de homicídio triplamente qualificado. Segundo a denúncia, o crime ocorreu por motivo fútil, meio cruel e sem chance de defesa.

De acordo com o Ministério Público, Maria acusou o estudante de tê-la importunado enquanto urinava em local afastado da festa.

Após ser abordado pelo grupo, Denis negou o ocorrido e tentou voltar à festa, mas foi perseguido.

Em seguida, de acordo com a denúncia, Maria pegou uma faca que levava consigo e atingiu o estudante, enquanto Anderson e André o agrediam com socos, chutes e golpes de skate na cabeça.

Reprodução/Facebook
O estudante Denis Casagrande foi morto, neste sábado (21), em uma festa dentro do campus da Unicamp, em Campinas (SP)
O estudante Denis Casagrande foi morto, neste sábado (21), em uma festa dentro do campus da Unicamp, em Campinas (SP)

Na denúncia, o promotor Fernando Vianna Neto diz que "a vítima foi surpreendida pelo golpe de faca efetuado pela denunciada quando negava tê-la importunado [...], sendo cercada e perseguida pelos outros denunciados e terceiros, sem chance de opor reação e ser socorrida."

Outros dois adolescentes, de 15 e 16 anos, também participaram da agressão, de acordo com a denúncia. Segundo a Polícia Civil, eles fazem parte de um grupo punk e anarquista da cidade.

Presos desde o dia 27, Maria Tereza e Anderson tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça por 15 dias, prazo que termina nesta sexta-feira (11). A Polícia Civil diz que encaminhou um novo pedido de prisão preventiva para o casal e também para o o outro acusado, mas ainda não obteve resposta.

Já os dois menores devem responder por ato infracional análogo ao homicídio, segundo a polícia. O caso, sob análise da Vara de Infância e Adolescência, corre sob sigilo. Não há informação sobre a apreensão deles.

Segundo Humberto Ramos, um dos advogados de Maria Tereza, sua cliente alega ter agido em legítima defesa. Ele diz que pretende entrar com um novo pedido de habeas corpus para que a jovem seja liberada.

A Folha não conseguiu localizar os advogados dos demais acusados. Até o início desta semana, eles não haviam constituído defesa.

OCUPAÇÃO

O crime reabriu o debate sobre a possibilidade de entrada da Polícia Militar no campus. Após a Unicamp anunciar que aceitaria a presença da PM, cerca de 200 estudantes invadiram o prédio da reitoria em protesto.

Ontem, o reitor da Unicamp José Tadeu Jorge negou que tenha autorizado a entrada da PM e disse que pretende elaborar um plano de segurança para a universidade.

Após uma semana de ocupação, estudantes voltam a se reunir com membros da reitoria nesta sexta-feira (11) para tentar chegar a um acordo.

Além de uma audiência pública para debater uma proposta alternativa de segurança no campus, os estudantes pedem o não indiciamento dos responsáveis pela festa em que Denis morreu e pela invasão da reitoria.


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